Por John Horgan
Publicado na Scientific American
Mais uma vez, um assassinato em massa emergiu em cena nos Estados Unidos, dessa vez em Orlando, Flórida, onde um homem armado declaradamente matou mais de 50 pessoas numa boate antes de ser morto pela polícia. Algumas autoridades e a mídia estão descrevendo o massacre como um possível ato terrorista muçulmano.
O incidente é um sintoma de um problema mais sério do que o terrorismo: a falta de regulamentação efetiva para o porte de armas nos EUA. Entre 1970 e 2007, um total de 3,292 estadunidenses foram mortos por terroristas, resultando num risco anual de um em 3,5 milhões. Quase todas essas mortes ocorreram num único dia: 09/11/01.
Em contraste, mais de 32,000 estadunidenses são mortos a tiros a cada ano, de acordo com a Campanha Brady de Prevenção à Violência Armada. Desses, mais de 11,000 são assassinados e quase 20,000 se suicidam. Os EUA, que tem mais armas de fogo per capita do que qualquer outra nação, tem índices de mortes por armas de fogo muito maiores do que qualquer outro país desenvolvido.
O fetiche americano com armas prejudica os não-americanos também. Os EUA são os líderes mundiais em fornecimento de armas pequenas – armas que podem ser carregadas e manuseadas por uma única pessoa – assim como lidera em relação a armas maiores e mais caras, como tanques e jatos de combate.
Armas pequenas, que vão desde pistolas a rifles, lança-granadas e mísseis de ombro, são os que mais matam em guerras ao redor do mundo. A Rede de Ação Internacional de Armas Pequenas estima que mais de 600 milhões estejam em circulação.
A Rede de Ação possui um lobby para o controle e regulamentação mais firme contra a fabricação e o comércio de armas pequenas, tanto nacional quanto internacionalmente, mas a Associação Nacional de Rifles obteve sucesso em bloquear internacionalmente e domesticamente o controle das armas.
Se os Estados Unidos dedicassem o esforço que dedicam ao combate ao terrorismo para o controle e regulamentação das armas, o mundo seria um lugar muito melhor.
Colaboração de Matheus.