Artigo traduzido de Cosmos Magazine. Autor: Belinda Smith.
Foi detectado o exoplaneta mais jovem até agora orbitando uma estrela com apenas dois milhões de anos – o equivalente estelar a um bebê humano com algumas semanas de idade.
Uma equipe internacional de astrônomos percebeu uma ligeira oscilação de uma estrela próxima e calculou que ela tem um companheiro “Júpiter quente” em uma órbita de apenas 5% a distância entre a Terra e o Sol.
A descoberta, publicada na revista Nature, mostra que tais planetas podem surgir e se movimentar muito cedo na vida de um sistema solar, diz o autor Jean-François Donati, astrônomo do Institute for Research in Astrophysics and Planetology em Toulouse, França, e “provavelmente desempenham um papel central na definição da arquitetura global dos sistemas planetários”.
Em nosso sistema solar, planetas rochosos como a Terra e Marte orbitam o Sol mais perto do que os gigantes gasosos. Júpiter fica em torno de 780 milhões de quilômetros de distância do Sol. Mas na década de 1990, os chamados Júpiteres quentes foram descobertos – gigantes gasosos que orbitavam suas estrelas mais de perto.
O por quê de alguns gigantes gasosos orbitarem suas estrelas de perto – muito mais próximo do que o nosso planeta mais interno, Mercúrio, que circunda o Sol a cerca de 57 milhões de quilômetros – deixou os astrônomos perplexos. Como eles chegaram lá? Será que somos a exceção à regra?
Então, ver como outros sistemas solares se formam fornece pistas aos astrônomos. O problema é que é difícil “ver” exoplanetas diretamente. A maioria é detectada a partir das oscilações de uma estrela, pois os planetas que a orbitam exercem um pouco de força gravitacional sobre ela.
Usando instrumentos montados em três telescópios – os telescópios do Canadá-França-Havaí e Gemini Norte, no Havaí, e o telescópio Bernard Lyot na França – Donati e seus colegas olharam para o movimento de V830 Tau, uma estrela de dois milhões de anos, no berçário estelar Taurus, a 430 anos-luz de distância.
Eles viram a estrela oscilar a cada 4,9 dias. O tamanho e a distância de um planeta em órbita para gerar tal oscilação deveria ser, eles calcularam, um gigante de gás quase tão grande quanto Júpiter orbitando a estrela a apenas 8,5 milhões de quilômetros.
Em termos cosmológicos, isso é muito perto. A distância da Terra a o Sol, por exemplo, é cerca de 150 milhões de quilômetros.
Os astrônomos sugerem que os Júpiteres quentes se formam mais longe e migram para o interior. Isso poderia ter acontecido de uma infinidade de maneiras – alguns podem ter sido arremessados em colisões com outros planetas ou gravitacionalmente arrastados por estrelas vizinhas. Outros provavelmente migraram lentamente para o interior do sistema.
Então, por que o Júpiter quente não foi completamente arrastado para V830 Tau? O exoplaneta tem muito o que agradecer ao campo magnético da sua estrela, escrevem os pesquisadores, que formou um limite que travou seu progresso.
Em seguida, eles pretendem olhar para o sistema V830 Tau e outras estrelas jovens com instrumentos atualizados do telescópio que entrarão em operação entre 2017 e 2019, diz o co-autor do estudo Louise Yu. Isso permitirá que eles “explorem a formação de novos mundos com sensibilidade sem precedentes”.