Publicado no The Economist
Como os dinossauros morreram depois de dominar o planeta por 150 milhões de anos foi um mistério que consumiu paleontólogos por uma boa parte do século 20. Hoje em dia o mais aceito é que eles se foram por conta das consequências climáticas causadas pelo impacto de um asteroide gigante, especificamente aquele que abriu a vasta cratera de 180km próximo à península de Yucatan no México. Agora o foco mudou de como eles morreram para como eles surgiram. Em um paper recém publicado no Current Biology, um time liderado por Max Langer da Universidade de São Paulo, reporta que as escavações de quatro fósseis trouxeram luz a alguns aspectos intrigantes dessa questão.
Os fósseis, encontrados por Sergio Cabreira da Universidade Luterana do Brasil, vem da formação de Santa Maria no sul do país. Um deles, com mais de 230 milhões de anos de idade, é o mais antigo fóssil de dinossauro ja encontrado. Tipicamente tais achados tão antigos não são nada além de fragmentos de ossos, mas esse espécime, chamado Buriolestes schiltzi, está em estado magnífico de preservação. É um ancestral distante dos saurópodes de pescoço comprido como Diplodocus e Brachiosaurus. Esses animais gigantes, que tinham até 16m e pesavam mais de 50 toneladas, eram vegetarianos.
B. schultzi aparentemente era diminuto —aproximadamente 1.5m de comprimento — e carnívoro. Seus dentes são curvados e de bordas serrilhadas, traços associados com comedores de carne. Esse achado traz tantas questões quanto respostas? Paleontólogos devem agora ponderar quando e porque sauropodes fizeram a mudança de comer carne para plantas. Tamanho possivelmente tinha algo a ver com isso: É difícil visualizar um animal do tamanho de um Brachiosaurus caçando uma presa para sustentar seu tamanho enorme. Mas quando os descendentes de B. schiltzi foram forçados a se tornar herbívoros conforme cresciam? Ou eles mudaram para vegetarianos primeiro e então tomaram a vantagem da oportunidade para crescimento oferecido?
Os outros fósseis no achado se dirigem a questões diferentes. Paleontólogos por muito pensaram que dinossauros dominaram no fim do período jurássico, 201 milhões de anos atrás, vencendo na competição com outros animais terrestres e substituindo outros que surgiram a pouco. Um desses grupos foi o lagerpertidios, grupo de répteis com características dinossauridias que surgiu 236 milhões de anos atrás, durante o Triássico.
No entanto evidencias tem surgido sugerindo que esse argumento é errado. Muitos fragmentos de ossos de dinossauros e lagerpetidios tem sido encontrados juntos em pedras do triassico, sugerindo que eles coexistiram por milhões de anos ao invés dos dinossauros sobrepujarem os lagerpertidios. As descobertas brasileiras cresce sobre esses fragmentos de achados para desferir ao argumento da “troca rápida” um golpe fatal, revelando claramente que lagerpertidios conviveram lado a lado dos dinossauros por 30 milhões de anos antes do início do jurássico. Os museus de história natural terão que atualizar seus displays.