Publicado na EurekAlert!
Um novo estudo sobre a relação entre as pessoas e o planeta demonstraram que o aquecimento global é apenas uma das muitas ameaças inter-relacionadas à capacidade da Terra em manter a vida humana.
Uma equipe internacional de cientistas renomados, incluindo cinco membros das Academias Nacionais, argumentou que há componentes críticos em falta nos modelos climáticos atuais que norteiam políticas ambientais, climáticas, econômicas e sociais.
O artigo, publicado na National Science Review, descreve como o crescimento recente em uso de recursos, mudanças no uso de terras, emissões, e poluição fizeram da humanidade a principal força de alterações na maioria dos sistemas naturais da Terra, e como estas mudanças, por sua vez, tem respostas importantes aos seres humanos com consequências sérias e custosas.
Os autores afirmam que estimativas atuais do impacto das mudanças climáticas não conectam as variáveis humanas – como demografias, inequalidades, crescimento econômico, e migração – com mudanças planetárias. Isso aumenta a probabilidade dos modelos não captarem respostas importantes no verdadeiro sistema Terra-Humanos, especialmente aqueles que podem resultar em fins inesperados ou contra-intuitivos.
Além disso, os pesquisadores também argumentam que alguns dos modelos atuais não são confiáveis. As projeções das Nações Unidas de uma população relativamente estável em todo o mundo desenvolvido dependeria, neste caso, de quedas dramáticas e altamente improváveis em alguns países-chave. O Japão, por exemplo, precisaria reduzir em 34%, Alemanha em 31% e a Rússia em aproximadamente 30% para a estabilidade populacional projetada ser atingida. Além disso, mesmo em países conhecidos por suas baixas taxas de natalidade, como a Espanha e a Itália, as projeções de queda não chegam a 1% por décadas.
Nessa nova pesquisa, os autores presentaram evidências extensivas para a necessidade de um novo tipo de modelo que incorpore as respostas que o Sistema Terra possui em humanos, e propõe um framework para modelagens futuras que serviria como um guia mais realístico para guiar políticas de desenvolvimento sustentável.
“Modelos atuais tem alta chance de não detectarem respostas importantes no sistema Terra-Humano combinado”, disse a coautora Eugenia Kalnay, professora de Ciência Oceânica e Atmosférica na University of Maryland. “Seria como tentar prever o El Niño com um modelo atmosférico sofisticado, mas com Temperaturas da Superfície Marítima advindas de projeções externas, independentes como, por exemplo, das Nações Unidas. Sem incluir as respostas reais, previsões para sistemas acoplados não conseguem funcionar, o modelo se afasta da realidade muito rápido”.