Uma nova versão da vancomicina é projetada para ser ultrarresistente e se mostrou mil vezes mais potente do que a droga antiga, segundo artigo da revista científica PNAS.
Ela combate as bactérias de três maneiras diferentes, tornando muito menos provável que as bactérias possam se esquivar do ataque. Porém, as novas drogas ainda não foram testadas em animais/humanos. A equipe do Scripps Research Institute espera que a droga esteja pronta para uso dentro de cinco anos se passar pelos demais testes.
Combatendo superbactérias
Os especialistas advertiram repetidamente que estamos na cúspide de uma “era pós-antibiótica”, onde algumas infecções podem se tornar intratáveis. Uma infecção difícil de tratar que tem preocupado os médicos é a enterococcus resistente a vancomicina (ERV).
Ela pode ser encontrada em hospitais, e pode causar feridas perigosas e infecções no sangue e é considerada pela OMS como uma das bactérias resistentes aos medicamentos que representam a maior ameaça para a saúde humana.
Alguns antibióticos ainda funcionam contra o ERV, mas a sexagenária vancomicina se tornou agora impotente.
A equipe Scripps começou a estudar se eles poderiam “remodelar” a vancomicina para restaurar sua capacidade de matar.
Eles fizeram algumas modificações estratégicas na estrutura molecular da droga antiga para torná-la melhor em atacar bactérias onde esta age – destruindo paredes celulares.
Três mudanças estruturais em particular parecem ser importantes, aumentando a força e a durabilidade da droga.
O pesquisador principal, Dr. Dale Boger, explicou: “Nós fizemos uma mudança na molécula de vancomicina que supera o fator que gera resistência à mesma. E então adicionamos à molécula, duas outras pequenas mudanças que incorporaram a molécula duas maneiras adicionais nas quais ela pode matar bactérias. Assim, o antibiótico tem três diferentes “mecanismos” pelo qual é capaz de matar bactérias. E a resistência a um antibiótico deste calibre seria muito difícil de surgir. Portanto, é uma molécula projetada especificamente para enfrentar o surgimento da resistência “.
O composto modificado foi capaz de matar amostras de ERV no laboratório e manteve sua potência quase total após 50 ciclos de exposição à bactéria.
O Dr. Boger disse: “Os organismos simplesmente não podem trabalhar simultaneamente para encontrar um meio de superar três mecanismos de ação independentes. Mesmo que eles encontrarem uma solução para um desses, os organismos ainda seriam mortos pelos outros dois.
“Os médicos poderiam usar esta forma modificada de vancomicina sem medo de resistência emergente”.
O Prof. Nigel Brown, da Sociedade de Microbiologia, disse: “Este desenvolvimento pode ser extremamente importante. A vancomicina é um antibiótico de último recurso contra algumas infecções graves. Tem havido grande preocupação desde que a resistência surgiu”.