Por Eli Kintisch
Publicado na Science
Em 1721, o missionário Hans Egede embarcou num navio chamado ‘The Hope’ da Noruega para a Groenlândia, buscando agricultores nórdicos que os europeus não haviam conhecido em 200 anos, para convertê-los no protestantismo cristão. Ele explorou fiordes [entradas de mares entre altas montanhas rochosas], que deram lugar a vales gentis e lagos prateados que brilhavam abaixo da enorme cobertura de gelo. Mas quando ele perguntou aos caçadores Inuit [nação indígena esquimó] que ele conheceu, sobre os nórdicos, eles mostraram à ele as paredes da igreja de pedra em ruínas: os únicos vestígios remanescentes de 500 anos de ocupação. “Qual foi o destino de tantos seres humanos, há muito tempo separados de toda relação com o mundo mais civilizado?” Hans Egede escreveu em uma conta da viagem. “Foram destruídos por uma invasão dos nativos… ou pereceram pela inclemência do clima e a esterilidade do solo?”
Os arqueólogos ainda se perguntam hoje. Nenhum capítulo da história do Ártico é mais misterioso do que o desaparecimento desses assentamentos nórdicos, em algum momento do século XV. As teorias para o fracasso da colônia incluíram tudo, desde piratas Bascos sinistros até a peste negra. Mas os historiadores costumam apontar a maior responsabilidade nos próprios nórdicos, argumentando que eles não conseguiram se adaptar às mudanças climáticas. Os nórdicos se estabeleceram na Groenlândia a partir da Islândia durante um período quente aproximadamente no ano 1.000 D.C. Mas, mesmo durante uma era congelante, chamada de ‘Pequena Idade do Gelo‘, eles se agarravam à criação de gado e a construção de igrejas enquanto desperdiçavam recursos naturais como o solo e a madeira. Enquanto isso, a caça às focas e a alimentação de baleias dos Inuit sobreviveram no mesmo ambiente.
Durante a última década, no entanto, novas escavações através do Atlântico Norte forçaram os arqueólogos a revisar alguns desses pontos de vista. Uma coletiva de pesquisa internacional chamada ‘North Atlantic Biocultural Organisation (NABO)‘ acumulou novos dados precisos sobre padrões de assentamentos antigos, dietas e paisagens. As descobertas sugerem que os nórdicos da Groenlândia se concentraram menos no gado e mais no comércio, especialmente no marfim de morsas, e que, para sua alimentação, eles dependiam mais do mar do que de suas próprias pastagens. Não há dúvidas de que o clima prejudicou a colônia, mas a história apontou que não foram uma sociedade agrícola com poucos recursos alimentícios, mas uma sociedade de caça, curta em trabalho e, suscetível a catástrofes no mar e conflitos sociais.
O historiador Poul Holm, do ‘Trinity College’ em Dublin, Irlanda, elogia o novo quadro, que revela que os Nórdicos da Groenlândia não eram “uma civilização presa em seus caminhos”. Para o arqueólogo da NABO, George Hambrecht, da Universidade de Maryland, no College Park, “A nova história é que eles se adaptaram, mas eles falharam ainda assim”.
Ironicamente, assim como esta nova imagem está emergindo, as mudanças climáticas mais uma vez ameaçam os assentamentos nórdicos – ou o que resta deles. Artefatos orgânicos como vestuário e ossos de animais, preservados durante séculos no congelamento profundo da “geada permanente”, estão em decomposição rapidamente à medida que as temperaturas crescentes descongelam o solo. “É horrível. Justamente no momento em que podemos fazer algo com todos esses dados, eles estão desaparecendo debaixo dos nossos pés”, diz Holm.
Em 1976, Thomas McGovern, com sua “barba de barro”, 26 anos, chegou pela primeira vez na costa gramada de um fiorde no sul da Groenlândia, ansioso para começar a trabalhar no seu Ph.D. em arqueologia. A linha do tempo básica Nórdica já havia sido estabelecida. No século IX, os avanços na tecnologia marítima que permitiram que os Vikings escandinavos invadirem o norte e centro Europeu também abriram o caminho para os Nórdicos, como eles vieram a ser conhecidos mais tarde, como pacíficos, em jornada ao oeste da Islândia. Se as – não confiáveis – sagas islandesas, escritas há séculos mais tarde, devem ser acreditadas, um empreendedor islandês chamado ‘Erik, o vermelho‘ liderou vários navios para a Groenlândia em torno de 985 D.C. Os nórdicos eventualmente haviam estabelecido dois assentamentos, com centenas de fazendas e mais de 3000 colonos em seu auge. Mas até 1400, o assentamento na costa ocidental da ilha havia sido abandonado, de acordo com datações de radio-carbono, e em 1450 os habitantes do assentamento oriental na ponta do sul da ilha também haviam desaparecido.
Os dados recolhidos na década de 1980 por McGovern e outros, sugeriram que as colônias estavam condenadas pelo “conservadorismo Nórdico fatal em relação à recursos flutuantes”, como McGovern, escreveu na época. Os nórdicos se consideravam fazendeiros, cuidando de campos de feno apesar da curta temporada de crescimento e, trazendo vacas leiteiras e ovelhas da Islândia. Um tratado real Norueguês do século XIII chamado ‘The King’s Mirror’ elogia a adequação da Groenlândia à agricultura: “o sol tem força suficiente, na parte que o solo é livre de gelo, para aquecer o solo e assim fazer que a terra produza grama boa e perfumada”.
Linha do Tempo:
- 983: ‘Erik, o vermelho’ explora, e possivelmente nomeia a Groenlândia. [1]
- 1000: Os assentamentos ocidentais e orientais são formados. [2]
- 1250: Começa a ‘Pequena Idade do Gelo‘. [3]
- 1261: A Groenlândia vira parte do Império Norueguês. [4]
- 1350-1400: O assentamento ocidental chega ao fim. [5]
- 1450: O assentamento oriental chega ao fim. [6]
Lutando contra o grande frio
Os dados ambientais mostram que o clima da Groenlândia piorou durante a colonização Nórdica. Em resposta à isso, os Nórdicos migraram de suas fazendas (que passavam dificuldades) para o mar, em busca de comida, antes de finalmente abandonar totalmente seus assentamentos.
Temperatura
A temperatura no inverno caiu além da média de longo prazo em mais 1 ºC em meio a ocupação no Século XV, de acordo com dados de isótopos de oxigênio em núcleos retirados da camada de gelo da Groenlândia.
Tempestades de neve
As medições de partículas de sal nos núcleos de gelo sugerem que nesvascas aumentaram no final da ocupação, fazendo com que as viagens para caçar e negociar marfim de morsa fossem ainda mais perigosas.
Proporção de alimentos marinhos na alimentação
À medida que as condições da agricultura pioraram, os Nórdicos mudaram para uma alimentação marinha, como demonstrado pelos isótopos de carbono em ossos encontrados em sítios arqueológicos nos assentamentos oriental e ocidental.
As amostras de ossos sugerem que mesmo as pequenas fazendas mantiveram uma vaca ou duas, um sinal de status na Noruega, e registros escritos mencionam produtos lácteos, incluindo queijo, leite e um iogurte chamado ‘skyr’ como partes essenciais da dieta deles. “Não houve atividade mais central para a identidade Nórdica do que a agricultura”, escreveu em 2000 o arqueólogo William Fitzhugh, do Museu Nacional de História Natural da Smithsonian Institute (NMNH) em Washington, DC.
O geógrafo Jared Diamond da Universidade da Califórnia, Los Angeles, popularizou esta visão em seu best-seller de 2005, ‘Collapse’. Os Nórdicos “danificaram o seu ambiente”, como eles fizeram na Islândia, afirmou Diamond, com base em análises de poeira que sugeriram erosão causada pelo corte de árvores, agricultura e corte de relva. Enquanto tolamente construíram as igrejas com sinos de bronze extremamente caros, disse Diamond, os Nórdicos da Groenlândia “recusaram-se a aprender” técnicas de caça no Ártico dos Inuit, que caçavam focas e pescavam durante todo o ano. Ele notou evidências terríveis de calamidade em alguns locais no assentamento ocidental: ossos de cães de estimação com marcas de corte, sugerindo fome; e os restos de insetos que cercavam cadáveres, sugerindo poucos sobreviventes para enterrar seus entes queridos. “Cada um dos Nórdicos acabou morto”, disse Diamond em 2008.
Esta narrativa teve influência durante anos. No entanto, McGovern e outros encontraram sugestões na década de 1980 que os nórdicos não ignoravam inteiramente a ecologia única da Groenlândia. Mesmo Diamond observou que os ossos de focas compreendiam de 60% a 80% dos ossos de pilhas de lixo, encontrados em pequenas fazendas Nórdicas. (Ele acreditava, no entanto, que apenas os colonizadores mais pobres comiam carne de foca). Fontes escritas relataram que os Nórdicos rotineiramente remaram até 1500 quilômetros para terras migratórias perto da Baía de Disko, no oeste da Groenlândia. Eles voltaram com inúmeros focinhos de morsa, cujas presas de marfim foram removidas e preparadas para o comércio com a Europa. Os Nórdicos pagaram os tributos ao rei norueguês e à Igreja Católica pelo marfim, e negociou com comerciantes Europeus por suprimentos como ferro, peças de barco e madeira. Mas McGovern rejeitou a caçada da morsa como “complemento”, lembra ele, ecoando o consenso de que a agricultura era central.
Três décadas depois, em Tasilikulooq, em uma fazenda Inuit moderna de pastagens verdes cercadas por lagos, alguns estudantes de McGovern exploraram os restos de uma fazenda de tamanho médio que já abrigava ovelhas, cabras, cavalos e poucas vacas. Dois estudantes de pós-graduação manusearam o solo de 700 anos de resíduos de objetos escavados não identificados perto de uma abertura de pilhas de lixo de uma casa em colapso. Um botão marrom do tamanho de um níquel emerge na peneira de metal. “Eles encontraram mais um desses botões!”, diz a arqueóloga Brita Hope, do Museu Universitário de Bergen, na Noruega.
A função desses botões importa muito menos do que é feito: dente de morsa. Vários ossos do rosto de morsas também apareceram na fazenda, sugerindo que os habitantes caçavam na expedição comunal da Baía de Disko, diz o líder da escavação Konrad Smiarowski, da Universidade da Cidade de Nova York. Essas descobertas e outros apontam para o marfim – um produto do ambiente da Groenlândia – como um elemento fundamental da economia Nórdica.
Uma escavação da coletiva de pesquisa internacional ‘NABO’ em Reykjavik, por exemplo, encontrou uma presa, datado de cerca de 900 D.C por radio-carbono, que tinha sido remotamente removido do crânio, provavelmente com uma ferramenta de metal. Os Nórdicos islandeses eram “experientes no manejo de marfim de morsas”, escreveram os membros da NABO em um artigo de 2015; Entretanto os groenlandeses também foram. Embora os historiadores presumissem que os Nórdicos estabeleceram na Islândia e na Groenlândia em busca de novas terras agrícolas, alguns pesquisadores sugeriram recentemente que a caça ao marfim, em vez disso, conduziu o assentamento de ambas as ilhas. As morsas na Islândia foram constantemente extirpadas depois que os Nórdicos chegaram lá, provavelmente caçados pelos colonos.
O alto valor que a Europa medieval colocou no marfim da morsa teria proporcionado muitos incentivos para prosseguir na Groenlândia. Os artesãos usavam o marfim em ornamentos e vestuários de luxo e em objetos como o famoso conjunto de xadrez de Lewis, descoberto em 1831, na Escócia. Em 1327, uma parcela de 802 quilos de presas da Gronelândia valia uma pequena fortuna – o equivalente a aproximadamente 780 vacas ou 60 Toneladas de peixes secos, de acordo com os registros de impostos, analisados em 2010 pelo arqueólogo Christian Keller, da Universidade de Oslo. “Os Nórdicos encontraram um “tesouro” no Atlântico Norte, um ecossistema marinho cheio de morsas e outros animais”, diz o historiador Holm.
Eles o exploraram não apenas para o marfim, mas também para a comida, diz Smiarowski. Um saco contém ossos coletados que data da década de 1350. Ossos de vaca longo, curto foram abertos. Mas a maioria dos ossos são marinhos: restos de ossos de baleia, fragmentos de mandíbula e crânio de focas, um pedaço da orelha interna de uma foca. Essas espécies de focas migram para o norte ao longo das costas da Groenlândia na primavera, e Smiarowski acha que os nórdicos provavelmente os pegaram com barcos ou redes.
Em 2012, os pesquisadores da NABO garantiram que os groenlandeses se alimentavam de animais marinhos ao analisar os ossos humanos em cemitérios nórdicos. Os animais que vivem no mar têm proporções de isótopos de carbono e nitrogênio que diferem daqueles encontrados em animais terrestres, e essa assinatura isotópica é transmitida às pessoas que as comem. Os ossos Nórdicos mostram que, à medida que o assentamento se desenvolveu do século XI ao XV, sua dieta continha cada vez mais proteína marinha. Longe de se apegar ao gado à medida que as temperaturas caíam. Os Nórdicos, em vez disso, conseguiram um sistema de subsistência bem-sucedido com “flexibilidade e capacidade de adaptação”, escreveu o autor do artigo de 2012, Jette Arneborg, do Museu Nacional da Dinamarca em Copenhague.
Os agricultores Nórdicos também não eram incompetentes, como Diamond e outros sugeriram. O geógrafo do solo, Ian Simpson, da Universidade de Stirling, no Reino Unido, disse que estudos anteriores superestimaram a contribuição Nórdica para a erosão na Groenlândia. Novos dados do pólen e do solo mostram que os Nórdicos permitiram campos e “pequenas florestas” se recuperaram após o corte da terra e da relva. E em análises de amostras de solo e de lago de sedimentos, os pesquisadores descobriram pistas químicas e paleoecológicas indicando que os agricultores nórdicos habilmente mantiam pastagens com fertilizantes, adubo e valas de irrigação.
Essas descobertas, juntamente com a evidência de marfim, transformaram ideias sobre a sociedade Nórdica, diz McGovern, agora de barba branca. “Você começa a ver dados antigos, como os ossos de focas em pilhas de lixo, eis uma nova luz. É emocionante ter a chance de revisar seu velho pensamento antes que um colega mais jovem possa”, diz ele. “Nós costumávamos pensar nos Nórdicos como fazendeiros que caçavam. Agora, nós os consideramos caçadores que cultivavam”.
Era um estilo de vida sustentável por centenas de anos. Mas no século XIII, economia e clima começaram a conspirar contra os nórdicos. Depois de 1250, um clima de resfriamento representava múltiplas ameaças a uma sociedade orientada para o mar que dependia de focas e morsas. A temperatura média global caiu cerca de 1º C durante a Pequena Idade do Gelo, mesmo antes do grande resfriamento, o tratado ‘The King’s Mirror‘ descreve os navios perdidos e os homens que morreram no gelo. Os historiadores e os climatologistas concordam que, à medida que o frio continuava, o gelo teria obstruído os mares mais ao sul e por mais tempo a cada ano, atrapalhando as viagens. E as concentrações de partículas de sal nos núcleos de geleiras indicam que os mares se tornaram mais tormentosos no século XV. Nórdicos que caçavam focas migratórias ou morsas no alto mar teriam corrido risco crescente. Os Inuit nômades, por sua vez, cairam na selva nativa dos fiordes e raramente embarcaram em caças ou viagens ao ar livre.
Não só o clima perturbou o comércio, mas também o mercado (oferta e demanda). Por volta de 1400, o valor do marfim na Europa caiu, assim como as como presas da morsa russa e os elefantes africanos ascenderam para o continente.
Mesmo que sobrevivendo dos recursos marinhos se tornasse mais difícil, a período de crescimento do solo encurtou, e os pastos menores renderam ainda menos. Mas as análises de solo e sedimentos mostram que os agricultores também tentaram se adaptar, disse Simpson, muitas vezes fertilizando e regando suas pastagens de forma mais intensa à medida que as temperaturas caíram. “Nós fomos com a visão de que eles estavam indefesos diante das mudanças climáticas e destruíram a paisagem”, diz Simpson. Em vez disso, ele diz, esses “gerentes muito bons” se adaptaram ativamente ao clima de refrigeração. No final, no entanto, seus melhores esforços não foram suficientes.
Se o assentamento da Groenlândia fosse originalmente somente uma tentativa de encontrar e explorar os recurso naturais e o marfim, em vez de um grupo de agricultores independentes, a sociedade precisaria de um planejamento mais de cima para baixo do que os arqueólogos tinham pensado, diz Christian Koch Madsen, do Museu Nacional da Groenlândia e Dinamarca, em Copenhague. Seu trabalho e outras pesquisas apoiam essa ideia ao revelar mudanças pontuais no padrão de assentamento à medida que o clima piorara.
Madsen cuidadosamente datou [a partir de radiocarbono] restos orgânicos como a madeira das ruínas de 1308 de fazendas Nórdicas. As datas mostram que fazendas ricas foram fundadas bem cedo, logo após a colonização. Mas eles também sugerem que, quando os primeiros “sintomas” da Pequena Idade do Gelo apareceram por volta de 1250, dezenas de fazendas periféricas foram abandonadas e às vezes restabelecidas mais perto das centrais. Os ossos de pilhas de lixo ajudam a explicar o porquê: À medida que as temperaturas caíam, as pessoas nas grandes fazendas continuavam comendo carne e outros animais, enquanto que em fazendas menores se comiam focas e renas, como Diamond havia sugerido. Para manter sua alimentação, os poderosos da Groenlândia tiveram que expandir as práticas intensivas de mão-de-obra, como o armazenamento de forragens de inverno e a proteção de vacas. Fazendas maiores obtiveram mão de obra adicional ao estabelecer fazendas vizinhas.
Um ambiente de tensão entre todos foi criado à medida que o clima piorou, Madsen suspeita. Ele observa que o agricultor Nórdico teve que equilibrar as demandas de primavera e verão de sua própria fazenda com as caças de morsas e focas durante o período de suas respectivas migrações. “Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo, todos os anos”, diz Madsen. O comércio de marfim em decadência, e talvez perdas no mar, certamente não ajudaram. Os Nórdicos da Groenlândia simplesmente não podiam aguentar.
O capítulo final da saga da Groenlândia é quase unanimidade entre os pesquisadores. Apesar dos sinais de crise em alguns locais do assentamento ocidental, aqueles no assentamento oriental não mostram nenhum sinal de um final violento. Em vez disso, depois que as fazendas entraram em colapso, os colonos remanescentes limparam a madeira deles, sugerindo uma diminuição lenta da população. O desafio para o colono de sobreviver levou “uma emigração constante” de volta à Islândia e à Europa, que poderia levar o assentamento oriental a um fim pacífico, sem fome ou morte, ao contrário do ocidental.
A equipe da NABO espera que futuras concessões lhes permitam preencher lacunas. Eles estão ansiosos para iniciar novas escavações no assentamento ocidental, onde artefatos podem lançar hipóteses sobre qualquer contato entre os Nórdicos e os Inuit, uma possibilidade histórica sobre a qual há poucos dados rígidos.
O tempo está se esgotando. A escavação de Tasilikulooq produziu artefatos bem conservados, incluindo colheres de madeira, tigelas e um pequeno cavalo de madeira. Mas McGovern teme que seu sucesso não seja repetido. Há trinta anos, na maioria dos campos de escavação no assentamento oriental continha ossos, cabelos, penas e pano preservados. Uma pesquisa da NABO em noventa campos de escavação encontrou, no entanto, que a maioria das amostras orgânicas foram deterioradas, a medida que o gelo foi se descongelado, diz Smiarowski. Tasilikulooq foi um dos únicos três campos de escavação perdidos.
Hans Egede, o missionário, escreveu que ele foi para a Groenlândia, há séculos atrás para salvar seu povo do “eterno esquecimento”. Os arqueólogos de hoje temem um esquecimento diferente – que a pré-história da Groenlândia será perdida a menos que seja rapidamente descoberta. Os pioneiros que resistiram às mudanças climáticas, os Nórdicos da Groenlândia podem ter lições para a sociedade de hoje. Mas as mudanças climáticas que tornam essas lições urgentes e importantes podem impedir que elas sejam completamente decifradas.