Por Carlos Zahumenszky
Publicado no Gizmodo
Lilias Adie foi arrastada diante de um tribunal em 1704, acusada de bruxaria. Foi uma das poucas que escapou da fogueira, mas apenas porque ela morreu na prisão antes que seus juízes executassem a sentença. 300 anos depois, a ciência forense nos permite olhar o rosto dessa ‘bruxa’.
Adie é provavelmente o único caso de uma mulher acusada de bruxaria cujos restos vieram até nós. O resto queimou na fogueira, tornando impossível sua identificação ou reconstrução forense. Isso não fez com que seu caso fosse menos horrível. Ela foi torturada até confessar que tinha feito sexo com o próprio diabo, três anos antes, em um palheiro. Ela também reconheceu ser bruxa e, provavelmente, teria reconhecido qualquer outra coisa que seus torturadores quisessem.
Antes que eles pudessem queimá-la, Lilias Adie morreu em sua cela. A causa da morte não é clara, mas a suspeita é de que ela tenha cometido suicídio. Seus restos foram enterrados fora dos muros de Torryburn, sua cidade natal, na Escócia, sob uma enorme laje para impedir que o diabo ressuscitasse seu cadáver.
Quase um século depois, seus restos foram exumados e vendidos para a Universidade de Dundee, onde foram documentados por fotografias e medidos antes de desaparecer novamente. Essas imagens serviram a artista forense Christopher Rynn para construir o rosto de Lilias Adie para um programa especial da BBC. Se a expressão pacífica da mulher o surpreende, Rynn tem uma boa explicação sobre isso:
“Não há nada na história de Lilias que sugere que era outra coisa senão vítima de circunstâncias horríveis, então não vi necessidade de ajustar sua expressão para convertê-la em algo inquietante ou ameaçadora. A expressão tranquila e amável surgiu naturalmente.”