Por Carlos Zahumenszky
Publicado no Gizmodo
Conhecido como Ross 128b, é um exoplaneta rochoso com o tamanho próximo o da Terra que orbita em torno de uma estrela anã vermelha em sua zona habitável. Há duas coisas que tornam único esse pequeno planeta. A primeira é que sua estrela não é uma anã vermelha normal. A segunda é que está próximo da Terra.
As descobertas de novos exoplanetas em zonas habitáveis abrem uma porta para a esperança de encontrar um outro lugar que possa abrigar a vida. Infelizmente, essas esperanças desaparecem rapidamente quando a questão envolve objetos que orbitam em torno de anãs vermelhas, como a do sistema TRAPIST-1. O motivo é que esse tipo de estrela tende a ser propensa a sofrer erupções de raios-x e radiação ultravioleta. Esses fenômenos bombardeiam planetas próximos com ondas de vento solar tão poderosas que tornam impossível que impossível para que a vida desenvolva em sua superfície, ou, até mesmo, eliminam a possibilidade de que haja uma atmosfera bastante densa.
A estrela Ross 128 é diferente. Apesar de ser uma anã vermelha, é extremamente estável. Embora o exoplaneta Ross 128b esteja bastante próximo dela, os astrônomos calculam que o nível de radiação que ele recebe é em torno de 1,38 vezes a dose que recebemos na Terra. De acordo com a sua posição na zona habitável da estrela, suas temperaturas devem oscilar entre -60 e 20 graus Celsius. Parece muito promissor.
Um planeta próximo
A segunda caraterística que o torna único o sistema Ross 128 é que ele está próximo da Terra. Os astrônomos calculam que, em 79.000 anos (um prazo relativamente curto, astronomicamente falando), Ross 128b será o exoplaneta mais próximo do Sistema Solar. Mais próximo do que Proxima b.
Isso significa que podemos fazer as malas? Ainda não. O trânsito do exoplaneta diante de sua estrela não é visível da Terra. Os pesquisadores o descobriram estudando levas mudanças gravitacionais ocasionadas pelo movimento da estrela e de seu planeta através do espectrógrafo HARPS (High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher) do observatório La Silla, no Chile.
Em outras palavras, sabemos coisas como seu período orbital, sua distância para a sua estrela e sua massa, mas ainda temos muitos dados para estudar. Os astrônomos do ESO preferem ainda não classificá-lo como um planeta habitável. Porque, até onde sabemos, o exoplaneta pode ser um inferno por causa do efeito estufa como Vênus, ou, até mesmo, uma rocha congelada sem atmosfera. Temos que esperar.
A boa notícia é que Ross 128b é ainda mais promissor do que Proxima Centauri b, o exoplaneta potencialmente habitável mais próximo da Terra (4,2 anos-luz).
“É muito mais interessante que Proxima Centauri b. Sua estrela é muito mais tranquila e menos ativa. Também deve ser mais fácil de caracterizar do que Proxima b”, diz Emily Rice, astrofísica do Museu Americano de História Natural.
Nos próximos anos, seremos capazes de reunir mais informação sobre Ross 128b e determinar até ponto é habitável. Rice até sugere que, no dia que sermos capazes de enviar uma nave interestelar como o projeto inovador do milionário russo Yuri Milner, talvez esse exoplaneta seja o melhor candidato.