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Células imunológicas geneticamente modificadas eliminam lúpus em camundongos

Por Jennifer Couzin-Frankel
Publicado na Science

Lúpus pode ser uma doença difícil de ser tratada. Embora muitos pacientes atingidos pela condição autoimune tenham vida relativamente normal, alguns sofrem de insuficiência renal, coágulos sanguíneos e outras complicações que podem ser fatais. Cientistas agora descobriram que um tratamento que elimina as células B do sistema imunológico livrou camundongos destes quadros. O trabalho é preliminar porém animador já que lança mão de uma técnica já aprovada pelo FDA para alguns casos de leucemia.

A estratégia é conhecida como terapia do RECEPTOR DE ANTÍGENO QUIMÉRICO, do inglês: CAR–T (chimeric antigen receptor). Envolve células T (as sentinelas do sistema imunológico) geneticamente engenheiradas para que reconheçam e destruam certas células do corpo, e embora apresente efeitos colaterais potencialmente graves, poderia salvar vidas.

Trata-se agora de uma indicação diferente para a terapia que caça e destrói as células B, detectando o marcador de proteína CD19, exibido por quase todas as células B em sua superfície.

Desde que a terapia CAR-T surgiu, cientistas que estudam doenças autoimunes, a observaram com interesse porque as células B estão envolvidas em muitas dessas doenças. As células B podem liberar auto-anticorpos que danificam o tecido próprio do corpo e provocam ataques de células T nos tecidos. Ainda em 2016, uma equipe da Universidade da Pensilvânia já havia relatado que camundongos com uma doença autoimune rara chamada pênfigo vulgar foram auxiliados pela terapia CAR-T.

Mas resta um enigma envolvendo o Lúpus: Por que o anticorpo Rituximabe que induz depleção de células B, e é frequentemente prescrito para pacientes com artrite reumatoide e esclerose múltipla, não ajudou muitas pessoas com lúpus em dois grandes ensaios clínicos? Estes resultados significariam que as células B não seriam importantes no lúpus, afinal?

Para Mark Shlomchik, imunologista da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, que não esteve envolvido no novo estudo, a resposta é Não. Ele acredita que o rituximabe seja inócuo, neste caso, em parte devido a como o anticorpo funciona e como o sistema imunológico falha no lúpus: o rituximabe necessita de macrófagos para intervir e ajudar na destruição das células B. Isso funciona em algumas doenças, mas em lúpus, essas células podem estar paralisadas.

Com a terapia CAR-T, células T se tornam eficientes matadoras de células B sem precisar de ajuda. Marko Radic e seus colegas testaram a abordagem em dois modelos de camundongos com lúpus. Depois que os animais ficaram doentes, a equipe os expôs à radiação em todo o corpo para eliminar as células imunes existentes. Então, os cientistas infundiram as próprias células T geneticamente alteradas em 41 animais. Em 26 dos casos, as células CAR-T destruíram quase todas as células B sem que elas reaparecessem. Isso é semelhante ao que foi observado em pacientes com câncer que se submeteram à terapia CAR-T. Os efeitos sobre a saúde dos ratos surpreenderam: o baço, pele, rins e outras partes do corpo dos animais não mostraram sinais remanescentes de lúpus, relatou a equipe na Science Translational Medicine.

A maioria dos animais que foram tratados com sucesso viveu por mais de um ano após o tratamento, enquanto aqueles que receberam a terapia placebo morreram dentro de 8 a 10 meses.

O estudo está disponível aqui.

Universo Racionalista

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