Por Daniel Clery
Publicado na Science
Quando os astrônomos terrestres treinam seus telescópios em exoplanetas além do nosso sistema solar, eles têm sorte quando observam, até mesmo, um único ponto de luz. Como eles poderiam saber se esses exoplanetas têm condições adequadas para a vida? Para descobrir como eles poderiam saber mais, uma equipe de cientistas resolveu o problema: ela capturou imagens de um planeta habitável – a Terra – e transformou em algo que astrônomos extraterrestres distantes veriam.
A equipe começou com cerca de 10.000 imagens do nosso planeta tiradas pelo satélite Deep Space Climate Observatory (DSCOVR) da NASA, que fica em um ponto de equilíbrio gravitacional entre a Terra e o Sol, permitindo que ele veja apenas o lado diurno do planeta. As imagens foram tiradas em 10 comprimentos de onda específicos a cada 1 a 2 horas durante 2016 e 2017.
Para simular um ponto de vista extraterrestre, os pesquisadores reduziram as imagens em uma única leitura de brilho para cada comprimento de onda – 10 “pontos” que, quando plotados ao longo do tempo, produzem 10 curvas de luz que representam o que um observador distante poderia ver se observasse constantemente o exoplaneta Terra por mais de 2 anos.
Quando os pesquisadores analisaram as curvas e as compararam com as imagens originais, eles descobriram quais parâmetros das curvas correspondiam à cobertura de terra e nuvens nas imagens. Uma vez que eles sabiam essas relações, eles escolheram o parâmetro mais estreitamente relacionado com a área de terra, ajustaram para a rotação de 24 horas da Terra e construíram o mapa de contorno acima, que logo será publicado no The Astrophysical Journal Letters.
As linhas pretas, que marcam os valores medianos para o parâmetro terrestre, servem como um litoral aproximado. Contornos ásperos da África (centro), Ásia (superior direito) e das Américas (esquerdo) são claramente visíveis. Embora isso não seja, obviamente, um substituto de uma imagem real de um mundo extraterrestre, pode permitir que futuros astrônomos avaliem se um exoplaneta possui oceanos, nuvens e calotas polares – requisitos essenciais para um mundo habitável.