Por Neil Dagnall
Publicado no The Conversation
De fantasmas a espíritos malignos, bruxas a feiticeiras, o Dia das Bruxas é a única época do ano em que as pessoas se reúnem para celebrar o sobrenatural. Porém, além da fantasia e das doçuras ou travessuras, a crença em fantasmas é, na verdade, relativamente comum – 38% das pessoas se consideram crentes e um número semelhante alega ter realmente visto alguma entidade sobrenatural.
O termo “fantasma” refere-se à ideia de que os espíritos dos mortos – humanos e animais – influenciam o mundo material. E a ideia de uma assombração geralmente pode incluir qualquer coisa, desde uma sensação de presença, ou objetos em movimento, até a atividade espiritual.
Porém, em um mundo repleto de ciência e razão, essas “assombrações” costumam se resumir a uma explicação bastante simples. Então, aqui estão as três principais explicações científicas para assombrações, espíritos, fantasmas e todas as coisas sobrenaturais – embora se deva observar que muitas questões importantes ainda precisam ser solucionadas.
1. Porque eu disse
As tentativas de explicar as assombrações geralmente se baseiam em fatores psicológicos – como sugestões -, de modo que saber que um lugar é supostamente assombrado aumenta as chances de alguém ver fantasmas.
Um estudo clássico observou participantes visitando cinco áreas principais de um teatro antes de preencher um questionário para avaliar seus sentimentos e percepções. Antes do passeio, um grupo foi informado de que o local estava assombrado, enquanto o outro grupo foi informado de que o prédio estava em reforma. Surpreendentemente, os participantes que foram informados que o local era assombrado relataram experiências mais intensas – semelhantes aos dos acontecimentos paranormais.
A sugestão verbal também demonstrou aumentar a percepção sobre eventos supostamente paranormais – como mostra a pesquisa sobre sessões espíritas, psicocinese e leitura psíquica – especialmente quando a sugestão é consistente com as crenças paranormais existentes.
Porém, a pesquisa em contextos do mundo real produziu resultados inconsistentes. Um estudo no Hampton Court, local supostamente assombrado, descobriu que a sugestão não teve efeito sobre as expectativas dos participantes de experimentar fenômenos incomuns ou a tendência a atribuir fenômenos incomuns a fantasmas.
Portanto, é justo dizer que os efeitos da sugestão variam dependendo das crenças de uma pessoa. E, de fato, os crentes no paranormal são mais propensos a endossar reivindicações de fenômenos paranormais – enquanto os céticos rejeitam a existência do paranormal.
2. Campos eletromagnéticos e sons assustadores
Outras explicações se baseiam em fatores ambientais, como campos eletromagnéticos e infrassom. O neurocientista canadense Michael Persinger demonstrou que a aplicação de variados campos eletromagnéticos nos lobos temporais do cérebro pode produzir experiências assustadoras – como a percepção de uma presença fantasmagórica, um sentimento de paz ou a sensação de toque. Também foi observado que os locais mais associados a assombrações – como Hampton Court – possuem campos magnéticos erráticos.
Da mesma forma, acredita-se que o infrassom – frequência de áudio abaixo do alcance da audição humana – possa explicar esses fenômenos. Vários estudos associaram infrassom com sensações estranhas.
Em um exemplo, peças contemporâneas de música ao vivo foram atadas ao infrassom e o público foi convidado a descrever suas reações à música. Experiências mais incomuns foram relatadas quando o infrassom estava presente – arrepios na espinha, sensação de nervosismo, sentimento de medo e tristeza.
3. Alucinações tóxicas
Percepções “sobrenaturais” também podem surgir de reações a substâncias tóxicas – como monóxido de carbono, formaldeído e pesticida. Também foi sugerido que alucinações fúngicas – causadas por fungos tóxicos – poderiam estimular percepções relacionadas à assombração.
Shane Rogers e sua equipe da Universidade Clarkson, nos EUA, observaram semelhanças entre experiências paranormais e efeitos alucinógenos de esporos de fungos. Isso pode explicar por que avistamentos de fantasmas geralmente ocorrem em edifícios mais antigos com ventilação inadequada e baixa qualidade do ar.
A ideia não é nova e os especialistas relataram anteriormente um efeito semelhante associado aos livros antigos. Eles afirmam que a mera exposição a fungos tóxicos pode desencadear sintomas mentais ou neurológicos significativos, que criam percepções semelhantes às relatadas durante experiências assustadoras.