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Exposição à poluição em poucas horas aumenta pressão arterial

As doenças cardiovasculares são a maior causa de mortalidade ao redor do mundo, representam cerca de 30% de todas os óbitos registrados no mundialmente. A pressão arterial (PA) é um parâmetro cardiovascular aplicado para detectar o risco cardiovascular. Recentemente, o estado de pré-hipertensão (130 mmHg/90 mmHg) recebeu maior consideração pelas estratégias de prevenção. Um fator envolvido com o surgimento de distúrbios no coração e vasos sanguíneos é a exposição à poluição. No momento em que uma pessoa inala um material particulado (PM-particulate matter) oriundo de um ambiente poluído, em aproximadamente 60 segundos esse composto chega nos vasos sanguíneos.

O estudo publicado na Scientific Reports conduzido pela Seoul National University Hospital (Coreia do Sul) teve como objetivo analisar os efeitos em curto prazo da poluição sobre a pressão arterial.

Foi um estudo de desenho retrospectivo realizado entre os anos de 2015 e 2017 em um total de 98.577 pessoas. As informações foram extraídas do banco de dados clínicos do Hospital Nacional de Bundang da Universidade Nacional de Seul. A pressão arterial foi mensurada por meio de equipamentos automáticos. Concentrações médias horárias dos componentes da poluição (PM2,5, material particulado com diâmetro aerodinâmico <10 μm (PM10), monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), NO2 e O3) foram obtidas na estação de monitoramento mais próxima do monitoramento regulatório da qualidade do ar rede.

A pressão arterial mostrou-se elevada aproximadamente 20 horas após a exposição a níveis aumentados de O3 e NO2. Por outro lado, a pressão arterial reduziu após a exposição ao SO2 e CO. O PM não apresentou efeitos significativos em curto prazo na pressão arterial. O aumento da pressão arterial sistólica relacionado à exposição em curto prazo ao O3 e NO2 foi significativamente maior nos hipertensos do que nos normotensos.

Dentre os mecanismos fisiológicos envolvidos com os efeitos da poluição sobre o sistema cardiovascular o aumento da inflamação sistêmica pode estar relacionado, além da elevação do estresse oxidativo. Os efeitos em longo prazo da poluição incluem disfunção endotelial, formação de placas de aterosclerose, comprometimentos do controle autonômico, gerando arritmias.

Portanto, o estudo chama a atenção para os riscos da poluição sobre o coração.

Referência

Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br