Por Victor Tangermann
Publicado no Futurism
Uma equipe internacional de astrobiólogos afirma que as moléculas orgânicas descobertas pelo rover espacial Curiosity da NASA podem ser evidências de vida em Marte.
Em um artigo publicado na revista Astrobiology, a equipe argumenta que a presença de “tiofenos”, que são compostos especiais encontrados em carvão, petróleo bruto e trufas brancas na Terra, pode ser um sinal de vida antiga no Planeta Vermelho.
“Identificamos vários caminhos biológicos para o surgimento dos tiofenos que parecem mais prováveis que os químicos, mas ainda precisamos de provas”, disse o astrobiólogo e principal autor do estudo pela Universidade Estadual de Washington, Dirk Schulze-Makuch, em comunicado.
A equipe, no entanto, ainda não está tirando conclusões precipitadas.
“Se você encontrar tiofenos na Terra, você pensaria que eles são biológicos, mas em Marte, é claro, a régua para provar isso deve ser um pouco diferente”, acrescentou Shulze-Makuch.
Embora os tiofenos sejam compostos de dois elementos bioessenciais, carbono e enxofre, ainda é muito possível que eles possam ter sido criados durante impactos de meteoros que aquecem sulfatos a altas temperaturas – uma possível explicação que os pesquisadores também estão considerando.
Se os compostos fossem realmente um sinal de vida, eles poderiam ter sido o resultado de bactérias há cerca de três bilhões de anos reagindo para a decomposição de sulfatos (reação de análise) – ou, alternativamente, poderiam ter sido decompostos pelas bactérias.
Mas, novamente, é muito cedo para tirar conclusões.
O rover Curiosity analisa compostos dividindo-os em fragmentos. Rosalind Franklin, o próximo rover lançada pela Agência Espacial Europeia, no entanto, poderia preencher as lacunas com seu Mars Organic Molecule Analyzer (MOMA, ou do inglês “Analisador de Moléculas Orgânicas de Marte”), que não usa a mesma técnica destrutiva que o Curiosity.
O que mais empolgou Schulze-Makuch é a possibilidade de encontrar proporções diferentes de isótopos pesados e leves nos compostos, que é resultado de organismos decompondo elementos e “um sinal revelador da vida”, segundo o pesquisador.
“Como Carl Sagan disse, ‘alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias'”, destacou Schulze-Makuch. “Acho que para provar isso realmente exigirá que enviem pessoas para lá, e um astronauta olhe através de um microscópio para ver se encontra um micróbio em movimento”.