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Chip de computador com camadas atomicamente finas funciona como os neurônios em nossos cérebros

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

Os chips de computador tradicionais usam áreas separadas para cálculos e armazenamento de dados, mas uma nova pesquisa mostrou como essas áreas podem ser combinadas em um material 2D pela primeira vez – o que deve resultar em dispositivos menores, mais poderosos e mais eficientes em termos de energia.

É tecnicamente conhecida como arquitetura lógica-sobre-memória ou arquitetura única, em que as operações lógicas são combinadas com funções de memória. Ela economiza o tempo e a energia necessários para passar os dados entre os estágios de processamento e armazenamento.

E embora esses chips de arquitetura única tenham sido desenvolvidos antes, eles não usaram um material 2D – neste caso, dissulfeto de molibdênio ou MoS2. Um excelente semicondutor com apenas três átomos de espessura, o MoS2 provou ser um material ideal para o trabalho.

Créditos: EPFL / LANES.

Os cientistas por trás da inovação dizem que ela pode ser particularmente útil na inteligência artificial, de carros autônomos a alto-falantes inteligentes que podem reconhecer sua voz, porque imita o tipo de abordagem que os neurônios do cérebro humano usam.

“Essa capacidade dos circuitos de realizar duas funções é semelhante à forma como o cérebro humano funciona, em que os neurônios estão envolvidos tanto no armazenamento de memórias quanto na realização de cálculos mentais”, disse o engenheiro eletricista Andras Kis, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia (EPFL), em Lausanne.

“Nosso projeto de circuito tem várias vantagens. Ele pode reduzir o consumo de energia associado à transferência de dados entre unidades de memória e processadores, diminuir a quantidade de tempo necessária para operações de computação e diminuir a quantidade de espaço necessária”.

O novo chip é baseado em transistores de efeito de campo de portas flutuantes, ou FGFETs. Já usados ​​para armazenamento dentro de telefones e laptops, esses transistores são conhecidos por serem capazes de reter cargas elétricas por longos períodos.

Tendo sido previamente estabelecido como um material revolucionário para a eletrônica, o MoS2 é sensível o suficiente para trabalhar em conjunto com os FGFETs para agrupar várias funções de processamento dentro de circuitos únicos, permitindo que esses circuitos funcionem como unidades de armazenamento de memória e transistores programáveis.

Como de costume com esse tipo de trabalho de laboratório, vai demorar um pouco para convertê-lo em um formato adequado para sistemas e dispositivos comerciais, mas a equipe por trás da pesquisa tem a experiência necessária em termos de expansão das tecnologias de produção de chips.

Cada vez mais os nossos gadgets, de câmeras de segurança a sinais de trânsito, precisam de inteligência extra – não apenas para armazenar informações, mas para processá-las e tomar decisões inteligentes ao longo do caminho, mantendo o consumo de energia baixo.

Atender a essa demanda envolve não apenas descobrir a física dos chips de computador necessários, mas também encontrar os materiais certos para torná-los realidade, como os pesquisadores fizeram aqui. E acontece que copiar o cérebro humano é uma abordagem muito boa quando se trata de IA.

“Esta integração direta de memória e lógica pode aumentar a velocidade de processamento, abrindo caminho para a realização de circuitos de eficiência energética baseados em materiais 2D para aprendizado de máquina, Internet das coisas e computação não volátil”, escrevem os pesquisadores em seu estudo.

A pesquisa foi publicada na Nature.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.