Por David Nield
Publicado na ScienceAlert
Por enquanto, a vida está florescendo em nosso planeta rico em oxigênio, mas a Terra nem sempre foi assim – e os cientistas previram que, no futuro, a atmosfera voltará a ser rica em metano e com baixo teor de oxigênio.
Isso provavelmente não acontecerá por mais um bilhão de anos ou mais. Mas quando a mudança vier, ela acontecerá com bastante rapidez, sugere o estudo do início deste ano.
Esta mudança levará o planeta de volta a algo parecido com o estado em que estava antes do que é conhecido como o Grande Evento de Oxigenação (GOE), cerca de 2,4 bilhões de anos atrás.
Além do mais, os pesquisadores por trás do novo estudo dizem que o oxigênio atmosférico provavelmente não será uma característica permanente dos mundos habitáveis em geral, o que tem implicações em nossos esforços para detectar sinais de vida no Universo.
“O modelo projeta que uma desoxigenação da atmosfera, com O2 atmosférico caindo drasticamente para níveis que lembram a Terra Arqueana, provavelmente será desencadeada antes do início das condições úmidas de estufa no sistema climático da Terra e antes da extensa perda de água superficial do atmosfera”, escreveram os pesquisadores em seu estudo publicado.
Nesse ponto, será o fim do caminho para os seres humanos e a maioria das outras formas de vida que dependem de oxigênio para viver, então esperamos descobrir como sair do planeta em algum ponto nos próximos bilhões de anos.
Para chegar às suas conclusões, os pesquisadores executaram modelos detalhados da biosfera da Terra, levando em consideração as mudanças no brilho do Sol e a queda correspondente nos níveis de dióxido de carbono, à medida que o gás é decomposto por níveis crescentes de calor. Menos dióxido de carbono significa menos organismos fotossintetizantes, como plantas, o que resultaria em menos oxigênio.
Os cientistas previram anteriormente que o aumento da radiação do Sol evaporaria as águas do oceano da face do nosso planeta em cerca de 2 bilhões de anos, mas o novo modelo – baseado em uma média de pouco menos de 400.000 simulações – diz que a redução do oxigênio vai sufocar a vida primeiro.
“A queda no oxigênio é muito, muito extrema”, disse o cientista da Terra Chris Reinhard, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, à New Scientist no início deste ano. “Estamos falando cerca de um milhão de vezes menos oxigênio do que hoje”.
O que torna o estudo particularmente relevante para os dias atuais é a nossa busca por planetas habitáveis fora do Sistema Solar.
Telescópios cada vez mais poderosos estão ficando disponíveis, e os cientistas querem saber o que devem procurar nos conjuntos de dados que esses instrumentos estão coletando.
É possível que precisemos procurar outras bioassinaturas além do oxigênio para ter a melhor chance de detectar vida, disseram os pesquisadores. O estudo deles faz parte do projeto da NASA NExSS (Nexus for Exoplanet System Science), que está investigando a habitabilidade de outros planetas além do nosso.
De acordo com os cálculos feitos por Reinhard e pelo cientista ambiental Kazumi Ozaki, da Universidade Toho no Japão, a história habitável e rica em oxigênio da Terra pode acabar durando apenas 20-30 por cento da vida do planeta como um todo – e a vida microbiana vai durar muito tempo depois de partirmos.
“A atmosfera após a grande desoxigenação é caracterizada por um nível de metano elevado, baixos níveis de CO2 e nenhuma camada de ozônio”, disse Ozaki. “O sistema terrestre provavelmente será um mundo de formas de vida anaeróbicas”.
A pesquisa foi publicada na Nature Geoscience.