Por Laura Geggel
Publicado na Live Science
Arqueólogos descobriram um grande túmulo em um montículo no “Vale dos Reis” da Sibéria, datado de mais de 2.500 anos atrás. A tumba antiga contém os restos mortais de cinco pessoas, incluindo os de uma mulher e uma criança que foram enterradas com uma série de bens funerários, como um pingente em forma de lua crescente, espelho de bronze e brincos de ouro.
Os montículos foram feitos pelos citas – um termo usado para descrever grupos nômades culturalmente relacionados que viveram nas estepes entre o Mar Negro e a China de cerca de 800 a.C. a cerca de 300 d.C.
O túmulo, cujo tipo é conhecido como kurgan e mamoa, está localizado perto de um kurgan anteriormente escavado pertencente a um líder cita. Dada a proximidade do túmulo da mulher ao do chefe – a apenas 200 metros de distância – e os valiosos artefatos enterrados com ela, “acho que ela era uma pessoa de grande importância na sociedade dos nômades”, disse Łukasz Oleszczak, arqueólogo do Instituto de Arqueologia da Universidade Jaguelônica em Cracóvia, que liderou a equipe polonesa, que trabalhou ao lado de arqueólogos russos no local.
O pingente crescente se destacou na hora entre os outros, acrescentou. “Ela foi enterrada com este artefato que acreditávamos ser um sinal de sepultamentos masculinos”, porque pingentes de formato semelhante já haviam sido encontrados em sepultamentos de homens em kurgans no sul da Sibéria, disse Oleszczak à Live Science.
Os arqueólogos conhecem o “Vale dos Reis” (uma frase cunhada por um jornalista anos atrás, lembrando o Vale dos Reis do Egito Antigo ) há mais de um século. Este vasto vale, conhecido como Touran-Uyuk em Tuva, uma república russa, está repleto de numerosos sepultamentos reais citas.
Um dos kurgans previamente escavados, datado do século VIII ou IX a.C., contém o mais antigo sepultamento de elite cita conhecido já encontrado. A maioria desses kurgans, no entanto, ainda não foi formalmente escavada, disse Oleszczak.
A convite de arqueólogos russos, Oleszczak e sua equipe realizaram escavações no vale durante as temporadas de campo de 2019 e 2021. O kurgan, detectado por varredura a laser aérea, tem cerca de 25 metros de diâmetro e tem um centro destruído e plano, de acordo com a Science in Poland. O kurgan é relativamente pequeno hoje – apenas 30 centímetros de altura, acrescentou Oleszczak.
Durante as escavações, os arqueólogos encontraram os sepultamentos de cinco pessoas. Em uma câmara, no centro do kurgan, os pesquisadores encontraram uma câmara funerária saqueada com armas, incluindo flechas, sugerindo que um guerreiro havia sido enterrado lá.
A equipe encontrou os restos mortais da mulher e da criança em uma câmara funerária de madeira não saqueada com três camadas de vigas. A grande quantidade de madeira era provavelmente um símbolo de riqueza, já que “não há muitas árvores naquela área”, disse Oleszczak. “A madeira é muito valiosa”.
De acordo com uma análise anatômica, a mulher morreu por volta dos 50 anos e a criança tinha 2 a 3 anos. Junto com o pingente de lua crescente, a mulher foi enterrada com vários outros bens funerários, incluindo ornamentos de ouro perto de sua cabeça que possivelmente faziam parte de um chapéu, uma faca de ferro e um pente de madeira decorado amarrado com um laço de couro a um espelho de bronze. Essa dupla pente-espelho foi colocada em uma bolsa de couro. Ainda não está claro como a mulher e a criança morreram, acrescentou Oleszczak.
Outro sepultamento no kurgan continha os restos mortais de um jovem guerreiro enterrado com armas, incluindo uma faca, uma pedra de amolar e ornamentos de ouro. O quinto sepultamento foi encontrado em uma cova nos arredores do kurgan. Esta sepultura continha os restos mortais de um adolescente. “Túmulos de crianças no perímetro ou do lado de fora da câmara ao redor do túmulo são uma parte típica dos ritos funerários dessa cultura cita primitiva”, disse Oleszczak à Science in Poland.
Usando um detector de metais, os arqueólogos descobriram evidências de objetos de bronze que foram deixados ao redor do perímetro do kurgan, incluindo dezenas de equipamentos de equitação, um machado de bronze e um ornamento em forma de cabra. Esses objetos provavelmente se espalharam devido à lavoura profunda de fazendas coletivas que existiam na área no século 20.