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Nunca tome banho durante uma tempestade. Um físico explica o motivo

Traduzido por Julio Batista
Original de James Rawlings para o The Conversation

O Serviço Meteorológico do Reino Unido recentemente emitiu vários “alertas amarelos de tempestade”, destacando o potencial de raios frequentes.

Embora sua chance de ser atingido por um raio seja baixa, é importante saber como se manter seguro durante uma tempestade. Globalmente, cerca de 24.000 pessoas a cada ano são mortas por raios e outras 240.000 ficam feridas.

A maioria das pessoas está familiarizada com a segurança básica contra tempestades, como evitar ficar embaixo de árvores ou perto de uma janela e não falar em um telefone com fio (os telefones celulares desconectados são seguros).

Mas você sabia que deve evitar tomar banho ou lavar a louça durante uma tempestade?

Para entender o porquê, primeiro você precisa saber um pouco sobre como funcionam as trovoadas e os relâmpagos.

Dois elementos básicos fazem com que uma tempestade prospere: umidade e ar quente ascendente, que obviamente andam de mãos dadas com o verão. As altas temperaturas e umidade criam grandes quantidades de ar úmido que sobe para a atmosfera, onde pode se transformar em uma tempestade.

As nuvens contêm milhões de gotículas de água e gelo e a interação destes é o que leva à geração de raios. As gotas de água que sobem colidem com as gotas de gelo que caem, passando-lhes uma carga negativa e deixando-as com uma carga positiva.

Em uma tempestade, as nuvens atuam como enormes geradores de Van de Graaff, separando as cargas positivas e negativas para criar separações de cargas massivas dentro das nuvens.

À medida que as nuvens de trovoada se movem sobre a Terra, elas geram uma carga oposta no solo, e é isso que atrai um raio em direção ao solo. A tempestade quer equilibrar suas cargas e faz isso descarregando entre regiões positivas e negativas.

O caminho desta descarga é geralmente o de menor resistência, então coisas que são mais condutoras (como metal) são mais propensas a serem atingidas durante uma tempestade.

O conselho mais útil para uma tempestade é: quando o trovão rugir, vá para dentro de casa. No entanto, isso não significa que você está completamente a salvo da tempestade. Existem algumas atividades dentro de casa que podem ser quase tão arriscadas quanto ficar do lado de fora na tempestade.

Caminho de menor resistência

A menos que você esteja tomandobanho do lado de fora ou tomando banho na chuva, é incrivelmente improvável que você seja atingido por um raio. Mas se um raio atingir sua casa, a eletricidade seguirá o caminho de menor resistência até o solo.

Coisas como fios de metal ou água em seus canos fornecem um caminho condutor conveniente para a eletricidade seguir até o solo.

O chuveiro fornece essas duas coisas (água e metal), tornando-o um caminho ideal para a eletricidade.

Poderia transformar aquele bom banho relaxante em algo muito menos relaxante. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA incentivam fortemente as pessoas a evitar todas as atividades baseadas na água durante uma tempestade – até mesmo lavar a louça – para reduzir o risco de serem atingidas.

Existem outros riscos a serem observados durante uma tempestade. Um que pode não parecer óbvio é se apoiar em uma parede de concreto. Embora o concreto em si não seja tão condutor, se for reforçado com vigas de metal (chamadas de “vergalhões”), elas podem fornecer um caminho condutor para o raio.

Evite também usar qualquer coisa conectada a uma tomada elétrica (computadores, TVs, máquinas de lavar, lava-louças), pois tudo isso pode fornecer caminhos para o relâmpago.

Como regra geral, se você pode ouvir trovões à distância, então você está perto o suficiente da tempestade para que os raios cheguem até você, mesmo se não houver chuva.

Os relâmpagos podem acontecer a até dezesseis quilômetros de distância da tempestade da qual se originaram.

Normalmente, meia hora depois de ouvir aquele trovão final é um momento seguro para se aventurar de volta ao chuveiro. Tempestades geralmente gostam de deixar um grande ato para o fim, e você não quer acabar fazendo parte dos fogos de artifício!


James Rawlings é professor de física da Universidade de Nottingham Trent.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.