Por Shannon Hall
Publicado no Universe Today
Uma crítica comum à ciência é a sua decisão rápida para fazer algo. Enquanto muitos argumentam que implicações filosóficas não pertencem ao reino da ciência, outros argumentam que os cientistas devem considerar absolutamente as implicações mais amplas de seus resultados.
Agora, o neuropsicólogo Gabriel G. de la Torre da Universidade de Cádiz está questionando se os astrônomos devem ou não devem – que, anteriormente, só buscavam sinais de vida extraterrestre – enviar mensagens ativamente da Terra.
A ideia de que podemos não estar sozinhos no universo surgiu por volta do século V A.C., quando o filósofo grego Demócrito postulou que haviam inumeráveis mundos, nenhum dos quais sem vida.
Com a fundação da NASA e outras agências espaciais no século XX, os seres humanos começaram a explorar o Sistema Solar e a procurar vida alienígena. A pesquisa mais ambiciosa começou em 1960, quando o astrônomo Frank Drake apontou um radiotelescópio em duas estrelas semelhantes ao nosso Sol e não ouviu qualquer assinatura de inteligência.
O trabalho de Drake inspirou a criação do projeto Search for Extraterrestrial Intelligence (em português, Busca por Inteligência Extraterrestre), uma iniciativa que começou na década de 70 com o financiamento da NASA, mas foi evoluindo com a colaboração de milhões de usuários de Internet para o processamento de dados do Observatório de Arecibo.
Mas há também o “Active SETI” – também conhecido como METI (Mensagens para Extraterrestres Inteligentes) – que é a tentativa de enviar mensagens para potenciais civilizações extraterrestres via sinais de rádio. Alguns astrofísicos, como Stephen Hawking, já advertiram sobre o risco que isso implicaria para a humanidade. Isso favoreceria a chegada de seres com tecnologias mais avançadas com intenções desconhecidas.
Então, “tal decisão pode ser tomada em nome de todo o planeta?”, perguntou De la Torre. “O que aconteceria se ela fosse bem sucedida e ‘alguém’ recebesse o nosso sinal? Estamos preparados para este tipo de contato?”
Para responder a estas perguntas, De la Torre entrevistou 116 estudantes universitários americanos, italianos e espanhóis. O questionário avaliou o conhecimento em astronomia, suas crenças religiosas e suas crenças sobre a probabilidade de contato com vida inteligente extraterrestre.
Os resultados indicam que, como espécie, a humanidade ainda não está pronta para entrar em contato com uma suposta civilização extraterrestre. Os alunos não tinham conhecimento sobre muitos aspectos astronômicos, apesar do enorme progresso da ciência e da tecnologia. O estudo também revelou uma falta de preparação, já que a maioria afirmou que dependeriam de figuras políticas e religiosas.
De la Torre incentiva os pesquisadores do SETI para procurar estratégias alternativas até que a sociedade possa se preparar. “Este estudo demonstra que o conhecimento do público em geral de um determinado nível de educação sobre o cosmos e o nosso lugar dentro dele ainda é pobre”, disse De la Torre. “Por isso, uma consciência cósmica deve ser promovida – onde a nossa mente está cada vez mais consciente da realidade global que nos rodeia – usando a melhor ferramenta disponível para nós: a educação.