Traduzido por Julio Batista
Original de Harry Baker para a Live Science
A maior lua de Marte, Fobos, mostra sinais de estar sendo dilacerada pelas forças gravitacionais extremas exercidas sobre ela pelo Planeta Vermelho, mostra um novo estudo. Pesquisadores revelaram que as estrias geológicas incomuns que cobrem a superfície de Fobos, que antes eram considerados cicatrizes de um antigo impacto de asteroide, são na verdade desfiladeiros cheios de poeira que estão crescendo à medida que a lua se estica por forças gravitacionais.
Fobos tem cerca de 27 quilômetros de diâmetro em seu ponto mais largo e orbita Marte a uma distância de 6.000 km, completando uma rotação completa ao redor do Planeta Vermelho três vezes por dia, de acordo com a NASA. Para comparação, a lua da Terra tem cerca de 3.475 km de largura, está a 384.400 km de nosso planeta e leva cerca de 27 dias para completar uma órbita.
No entanto, ao contrário da lua, a órbita de Fobos em torno de Marte não é estável: o minúsculo satélite está preso em uma espiral da morte e está caindo lentamente em direção à superfície marciana a uma taxa de 1,8 metros a cada 100 anos, de acordo com a NASA.
Mas a característica mais incomum de Fobos é sem dúvida sua misteriosa superfície listrada. Ranhuras paralelas, ou estrias geológicas superficiais, cobrem a lua. A teoria mais amplamente aceita sugere que as estrias se formaram quando um asteroide colidiu com Fobos em algum momento no passado, deixando para trás uma cratera de 9,7 km de largura, conhecida como Stickney, na superfície da lua.
Mas um novo estudo, publicado em 4 de novembro no The Planetary Science Journal, sugere que as ranhuras podem realmente ser o resultado da lua sendo lentamente dilacerada pela intensa gravidade de Marte à medida que Fobos circula cada vez mais perto da superfície do planeta.
A ideia por trás do novo estudo é que, à medida que um corpo, neste caso Fobos, se aproxima de um corpo maior, como Marte, o menor começará a se esticar em uma linha em direção ao corpo maior. Isso é conhecido como força de maré.
No caso de Fobos, prevê-se que a força das marés exercida na lua aumente à medida que Fobos se aproxima da superfície marciana, até que finalmente a força das marés se torne maior do que a gravidade que mantém o satélite formado. Nesse ponto, Fobos será completamente destruído e os detritos provavelmente formarão um pequeno anel ao redor do planeta, como os anéis de Saturno, de acordo com o estudo.
Embora pesquisas anteriores sugerissem que as forças das marés produziram as listras de Fobos, a teoria foi amplamente descartada devido à composição pulverulenta ou “fofa” da lua, tornando-a muito ‘mole’ para que essas rachaduras se formassem.
No novo estudo, os pesquisadores usaram simulações de computador para testar a ideia de que a superfície fofa da lua pode estar acima de uma subcamada um tanto coesa. Uma camada dura subsuperficial poderia potencialmente ter formado desfiladeiros profundos nos quais a poeira da superfície poderia cair, criando as estrias visíveis na superfície, descobriu a simulação.
“Modelando Fobos como um interior formado de uma pilha de detritos coberto por uma camada coesa, descobrimos que a tensão das marés pode criar fissuras paralelas com espaçamento regular”, escreveram os pesquisadores no paper.
No ritmo atual, Fobos completará sua espiral mortal e atingirá Marte em cerca de 40 milhões de anos. Mas se as forças das marés já estão destruindo a lua, o satélite pode ser completamente destruído muito antes disso, escreveram os pesquisadores.
Em 2024, a Agência Espacial Japonesa, JAXA, lançará uma nova missão, conhecida como Martian Moons eXploration (MMX), para pousar uma espaçonave em Fobos e Deimos. As amostras devolvidas em 2029 devem revelar o que está acontecendo com a superfície listrada de Fobos.