Traduzido por Julio Batista
Original de Jennifer Nalewicki para a Live Science
Pesquisadores na Arábia Saudita revelaram a reconstrução facial aproximada de uma mulher nabateia cujos restos mortais foram enterrados entre 80 esqueletos dentro de uma tumba de 2.000 anos em Hegra, um Patrimônio Mundial da UNESCO localizado na antiga cidade de AlUla.
Arqueólogos desenterraram o esqueleto da mulher em 2015 e a batizaram de Hinat com base em uma inscrição sobre a falecida esculpida na fachada da tumba. Uma análise mais aprofundada do esqueleto revelou que ela viveu até os 40 ou 50 anos; tinha cerca de 1,6 metros de altura; e era de “status social médio” com base em seu sepultamento, de acordo com a National Geographic.
Para a reconstrução facial, uma equipe internacional de especialistas aproveitou seu conhecimento combinado de ciência forense e paleopatologia (o estudo de doenças em povos antigos) e usou tomografia computadorizada e uma impressora 3D para criar uma aproximação de silicone de uma mulher com pele escura e cabelos parcialmente cobertos por um lenço.
O projeto marca a primeira vez que é feita uma reconstrução facial aproximada de uma mulher da civilização nabateia (também grafada nabateana), um antigo povo árabe que prosperou por volta do século VI a.C. O povo de Hinat vivia ao longo da Rota de Comércio de Incenso que ligava o sul da Arábia ao Mar Mediterrâneo, onde praticavam suas habilidades de comércio internacional de elite. No entanto, pouco foi escrito sobre os nabateus de uma perspectiva histórica, de acordo com uma declaração da AlUla Royal Commission.
“Os nabateus são um tanto misteriosos: sabemos de muitas coisas sobre eles, mas ao mesmo tempo sabemos muito pouco porque não deixaram nenhum texto ou registro literário”, disse a arqueóloga Laila Nehmé, que atuou como diretora do projeto, à National Geographic. “Escavar esta tumba foi uma oportunidade maravilhosa para aprender mais sobre a ideia deles sobre a vida após a morte.”
Devido à falta de registros escritos ou genéticos, os pesquisadores tomaram algumas liberdades para recriar a imagem de Hinat. Eles usaram dados arqueológicos para entender melhor como as mulheres daquela civilização podem ter se vestido; pedaços de tecido encontrados em seu sepultamento, por exemplo, serviram de inspiração para suas roupas, segundo o comunicado.
No entanto, alguns especialistas externos questionaram a precisão da reconstrução.
“Há uma certa interpretação não científica na reconstrução facial”, twittou Laurence Hapiot, arqueólogo da Universidade de Ciência e Tecnologia do Rei Abdullah, na Arábia Saudita, de acordo com a CNN.
A aproximação facial de Hinat está atualmente em exibição no Hegra Welcome Center em AlUla.