Traduzido por Julio Batista
Original de Paul M. Sutter para o Universe Today
Os astrônomos estão atualmente procurando por sinais de vida nas “zonas habitáveis” de estrelas próximas, que são definidas como a faixa ao redor de uma estrela onde a água líquida pode potencialmente existir.
Mas um paper recente argumenta que precisamos adotar uma abordagem mais sutil e cuidadosa, baseada não no potencial de vida, mas no potencial de computação.
Uma maneira de definir a própria vida é como um conjunto de cálculos que atuam sobre a informação. A informação é armazenada no DNA e os cálculos são realizados por várias proteínas. A capacidade de armazenar informações e agir sobre seu ambiente permite que a vida passe por uma seleção natural, que encontra arranjos cada vez mais complexos.
As buscas tradicionais pela vida olham como a entendemos a partir de um contexto terreno. Ou seja, criaturas que vivem na superfície de um mundo à distância certa de uma estrela-mãe e usam água líquida como solvente para reações químicas.
Mas é fácil imaginar formas de vida muito mais complexas e variadas no Universo.
A vida poderia usar outros solventes. A vida pode estar enterrada no subsolo em exoluas geladas. A vida pode nem exigir uma estrela. E os sistemas biológicos poderiam dar origem a sistemas tecnológicos que não atenderiam à nossa definição atual de vida, mas poderiam estar vivos à sua própria maneira.
E assim, um par de pesquisadores quer reconstruir o conceito de zona habitável usando um conceito mais fundamental de computação. Eles argumentam que as melhores chances de encontrar sinais de vida são onde há acesso mais fácil à computação.
Os pesquisadores argumentam que essas chamadas zonas computacionais requerem três características.
Primeiro, deve haver capacidade de computação, o que significa que existe um rico conjunto de química disponível. Dois, deve haver uma forma bruta de energia, como a luz do sol ou fontes hidrotermais. E, por último, a computação requer um substrato – algo em que a computação pode ocorrer.
A visão tradicional de zonas habitáveis agora pode ser vista como um subconjunto de um conceito muito maior de zonas computacionais. Onde há vida como a entendemos atualmente aqui na Terra, há computação ocorrendo. Mas esse quadro nos permite desenvolver estratégias de busca de conceitos de vida que vão além disso.
Por exemplo, se estudarmos sistemas individuais através de uma noção de capacidade computacional, podemos descobrir quais sistemas podem ser passíveis de estruturas artificiais de coleta de energia como as esferas de Dyson. Ou poderíamos examinar como as nuvens de gás em torno de estruturas subestelares poderiam atender a todas as condições necessárias para a computação e, portanto, as condições necessárias para uma definição mais ampla de vida.
A busca pela vida em nosso Universo de forma científica apenas começou. E é importante, como enfatizam os autores, manter a mente aberta.