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Assim como elefantes, mamutes-lanosos viravam ‘demônios sexuais’ no período de musth, diz estudo

Mamutes-lanosos lutando por parceiras. (Crédito da imagem: Dottedhippo via Getty Images)

Traduzido por Carlos Germano
Original de Ben Turner para o Live Science

Mamutes-lanosos machos se transformavam em “demônios sexuais” quando estavam no cio, da mesma forma que os elefantes atuais, relata um novo estudo de hormônios antigos preservados nas presas desses gigantes extintos.

Ao mapear os níveis de testosterona em uma presa de mamute, de 33.000 anos, os pesquisadores descobriram que esses animais sofriam de musth, um período de intensa atividade sexual e briga contra rivais, à semelhança dos atuais elefantes. Durante o musth, a testosterona de um elefante macho pode subir até 60 vezes.

“As presas são promissoras para a reconstrução de aspectos da vida dos mamutes porque preservam um registro de crescimento nas camadas de dentina (tecido que fica no dente) que se formam ao longo da vida de um indivíduo”, disse o coautor do estudo, Daniel Fisher, um paleontólogo da Universidade de Michigan.

A dentina, o tecido mais duro nos corpos dos mamíferos, é um tipo de tecido dentário que forma a maior parte da presa de um elefante. Após ser depositada na base da presa, a dentina cresce para fora, juntando-se a “pacotes” de dentinas anteriores para alongar a presa em uma série de anéis concêntricos semelhantes a árvores. Os hormônios são depositados ao longo desses anéis, dando aos pesquisadores um registro da vida dos animais.

Os paleontólogos já trabalhavam com a possibilidade de mamutes sofrerem musth. Para confirmar a hipótese, eles analisaram os níveis de testosterona encontrados em três presas: duas de mamutes adultos e outra de um elefante africano adulto. A presa do elefante foi retirada de um macho morto por um caçador em Botswana, em 1963. As presas dos mamutes pertenciam a uma fêmea e um macho — a primeira com cerca de 5.700 anos, encontrada na ilha de Wrangel, na Rússia, e a segunda com 37.000 anos, desenterrada em uma mina de diamantes na Sibéria, em 2007.

Medindo os níveis de testosterona em amostras pulverizadas de tecido de presas e em tomografias computadorizadas das presas intactas, os paleontólogos descobriram que tanto o elefante macho quanto o mamute macho experimentaram picos sazonais maciços nos níveis de testosterona – subindo para 20 vezes mais no elefante e 10 vezes mais no mamute. Isso sugere que os mamutes machos experimentaram o musth e as mudanças comportamentais.

Agora, a equipe planeja usar a técnica para estudar as flutuações de outros hormônios, em busca de uma nova visão da vida dos mamutes. Eles também afirmam que o estudo não vai parar nessas feras peludas.

“Esses métodos podem ser usados para investigar registros de organismos com dentes menores, incluindo humanos e outros hominídeos”, escreveram os pesquisadores no estudo. “Os registros endócrinos na dentina moderna e antiga fornecem uma nova abordagem para investigar a ecologia reprodutiva, história de vida, dinâmica populacional, doenças e comportamento em contextos modernos e pré-históricos”.

Os pesquisadores publicaram a descoberta na revista Nature.

Carlos Germano

Carlos Germano

carlosgermanorf@gmail.com