A NASA deu um passo sem precedentes em direção à investigação de relatos de objetos voadores não identificados (OVNIs), ou o que a agência denomina fenômenos anômalos não identificados (UAPs). Com um comitê estabelecido especialmente para analisar cerca de 800 relatos desses fenômenos, a NASA sinaliza sua séria intenção de explorar esses eventos alegadamente extraordinários. As informações foram divulgadas na primeira reunião pública desse comitê, realizada no dia 31 de maio de 2023.
Liderado pelo astrofísico David Spergel, o comitê é formado por uma equipe de especialistas de diversos campos, incluindo professores universitários e um ex-astronauta. Os pesquisadores têm utilizado imagens e testemunhos para tentar explicar alguns desses relatos supostamente misteriosos, provenientes de diversas fontes, incluindo militares e pilotos de linhas aéreas comerciais.
Sean Kirkpatrick, diretor do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO) do Departamento de Defesa dos EUA, também relatou que o órgão recebe mensalmente entre 50 e 100 novos relatórios de UAPs. Ele enfatiza que esses fenômenos abrangem mais do que apenas objetos voadores, englobando ocorrências inexplicáveis nos meios marinho, aéreo, espacial e até terrestre.
Curiosamente, a grande maioria dos UAPs pode ser explicada de forma simples. Kirkpatrick, por exemplo, menciona os barcos no horizonte que, devido a perspectivas incomuns, podem confundir os pilotos. Apenas de 2 a 5% do banco de dados contém o que pode ser considerado realmente anômalo e permanece inexplicado.
Um dos relatos de eventos misteriosos que foram desvendados aconteceu na Austrália, onde sinais de rádio estranhos foram detectados em um observatório. Esses sinais, mais comuns em horários de almoço, acabaram sendo identificados como vazamentos de micro-ondas do refeitório, enquanto os funcionários preparavam a comida.
É importante ressaltar que a NASA tem analisado dados que já foram desclassificados pelo governo norte-americano, uma prática que leva em consideração quem e o que capturou a imagem, não o que a imagem retrata. Por exemplo, uma foto da Estátua da Liberdade tirada por um jato de combate seria classificada, não pelo seu conteúdo, mas por revelar as capacidades de imagem da aeronave.
Por outro lado, a qualidade da gravação foi um dos principais desafios encontrados pelo comitê em sua análise preliminar. Muitas vezes, as imagens são de objetos que aparecem pequenos e estão se movendo de maneiras estranhas. Segundo os membros do comitê, o problema subjacente é que esses avistamentos são frequentemente registrados em câmeras ou sensores que não foram projetados para capturar com precisão esses eventos peculiares.
Infelizmente, a comissão de UAPs da NASA também tem lidado com outra dificuldade: o assédio online. Tal comportamento só reforça o estigma de trabalhar nessa área, conforme declarou Nicola Fox, cientista-chefe da NASA.
Apesar das adversidades, a NASA mantém firme seu compromisso com a investigação desses fenômenos. A agência tem incentivado mais pessoas a relatarem suas observações anômalas, especialmente pilotos comerciais, na esperança de obter dados mais confiáveis e de alta qualidade.
Embora nenhuma prova concreta de origem extraterrestre tenha sido encontrada até agora, a nova postura da NASA perante as ocorrências de OVNIs representa uma mudança de paradigma. No passado, a agência tendia a desacreditar tais alegações. Agora, ela está publicamente investigando relatórios e discutindo suas descobertas ao vivo.
Espera-se que, até o final deste ano, um relatório completo seja divulgado com mais detalhes e resultados dessas investigações. Embora nenhum OVNI ou alienígena tenha sido confirmado, a NASA está levando muito a sério as reivindicações de UAPs e parece determinada a entender todas elas.
Os estudos da NASA podem não ter revelado nada conclusivamente extraterrestre até agora, mas a nova abordagem da agência em relação aos relatórios de OVNIs e UAPs aponta para um futuro promissor na busca por desvendar essas controvérsias.
A notícia foi adaptada a partir de informações fornecidas pelo The Conversation.