Na manhã desta quinta-feira, dia 9/10/2014, o portal de notícias O Globo, divulgou uma notícia do ano passado, dizendo que os pesquisadores da Universidade de Sheffield e do Centro de Astrobiologia da Universidade de Buckingham, na Inglaterra, descobriram evidências de vida extraterrestre na atmosfera, o artigo, segundo eles, teria sido submetido no “arcaico” Journal of Cosmology.
Sim, o famoso Journal of Cosmology, conhecido por publicar estudos de qualidade duvidosa e até mesmo pseudociência (veja aqui). O estudo, publicado neste mesmo Journal, pode ser lido aqui.
Como forma de alertar as demais pessoas a respeito da qualidade deste Journal, o Roberto Takata criou este fluxograma no ano passado:

Não, por mais que eu gostaria que fosse verdade, isso, de fato, não aconteceu. Infelizmente, os estudos submetidos no JoC tinham grotescas falhas metodológicas e conclusões precipitadas, que inclusive, foram expostas pelo astrônomo Phil Plait e pelo AstroPT (veja aqui e aqui).
Mas vou explicar resumidamente o que aconteceu.
Depois do grupo de cientistas lançar um balão para a atmosfera, uma porção de diatomáceas foram encontradas. O autor concluiu que elas tinham que ter vindo de algum outro lugar do cosmos e que isso servia de prova definitiva de alienígenas. (Só que não!)
Vejamos aqui um rápido resumo das falhas do paper que foi submetido pelo líder da equipe, Milton Wainwright:
- No artigo, os autores não confirmaram que as diatomáceas foram investigadas por um perito. Em vez disso, eles “assumiram” que seriam capazes de confirmar a sua identidade.
- As diatomáceas não estavam ligadas a um meteorito que teriam permitindo-as viajar pelo espaço.
- As diatomáceas são abundantes na Terra, mas os autores foram rápidos para descartar a possibilidade de que elas poderiam ter permanecido suspensas devido a um ambiente dinâmico. Só porque você não sabe como algo chegou lá, não significa que sejam aliens.
Enfim, tudo que eu posso dizer é que Carl Sagan estava certo: “Alegações extraordinárias, exigem evidências extraordinárias.”


