Infância
Assim que começou o ensino fundamental, Carl Sagan começou a manifestar uma forte curiosidade pela natureza. Sagan recorda-se de suas primeiras viagens para a biblioteca pública, sozinho, com a idade de cinco anos, quando sua mãe arranjou-lhe um cartão da biblioteca. Ele queria aprender o que eram as estrelas, já que nenhum de seus amigos ou até mesmo seus pais não sabiam lhe dar uma resposta clara [1]:
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“Fui para o bibliotecário e pedi um livro sobre as estrelas… E a resposta foi impressionante. A resposta era que o Sol também era uma estrela, só que muito próxima. Logo, as estrelas eram outros sóis, mas estavam tão distantes que eram apenas pequenos pontos de luz para nós… A escala do universo de repente se abriu para mim. Era um tipo de experiência religiosa. Houve uma magnificência para ela, uma grandeza, uma escala que nunca me deixou. Nunca me deixará…”
Colégio
Quando Sagan tinha seis ou sete anos de idade, ele e um amigo viajaram para o Museu Americano de História Natural, na cidade de Nova York. Enquanto estavam por lá, eles foram ao Planetário Hayden e andaram na exposição sobre objetos do espaço, como os meteoritos, e também foram às exposições de dinossauros e outros animais em seus ambientes naturais. Sagan escreveu sobre estas exposições [1]:
“Eu era fascinado por representações realistas de animais e seus habitats em todo o mundo. Pinguins no gelo antártico mal iluminado; uma família de gorilas, com o macho tamborilando no peito; um urso-cinzento americano de pé em suas patas traseiras, com seus dez ou doze pés de altura, fitando-me direto no olho.”
Universidade (1954-1960)
Com suas esposas (Lynn Margulis, Linda Salzman e Ann Druyan)
No décimo aniversário do falecimento de Carl Sagan, esta nota escrita por Ann Druyan (sua última esposa), foi publicada em seu site oficial [2]:
“É provável que, se você veio aqui para se juntar a mim em um ato de recordação neste décimo aniversário da morte de Carl, você já conheça bem as numerosas realizações científicas e culturais do homem.
É provável que você saiba que ele desempenhou um papel principal na exploração de nosso sistema solar, que ele acrescentou algo a nosso conhecimento das atmosferas de Vênus, Marte e Terra, que ele abriu caminho a novos ramos de investigação científica, que ele atraiu mais pessoas ao empreendimento científico que talvez qualquer outro ser humano e que ele era um cidadão consciencioso tanto da Terra como do cosmo.
Talvez você seja um dos muitos que foram levemente empurrados a uma trajetória de vida diferente pela atração gravitacional de algo que ele disse ou escreveu ou sonhou. Em minha estimativa parcial, ele era uma figura histórica mundial que nos incentivou a deixar a espiritualidade geocêntrica, narcisista, “sobrenatural” de nossa infância e abraçar a vastidão — amadurecer ao tomar as revelações da revolução científica moderna de coração.”
Com seus filhos (Dorion, Jeremy, Nick e Sasha Sagan)*
Em um ensaio publicado no New York Magazine e que tem circulado pelas redes sociais em versão traduzida, Sasha Sagan, filha de Carl, dá um ótimo exemplo da influência que a visão de mundo de nossos pais exerce sobre nós. Relatando um diálogo que manteve com seu pai sobre a morte, Sasha conta que as respostas de Sagan às insistentes perguntas que ela fazia nunca eram ‘porque eu disse isso’ ou ‘é assim que é’ [3]:
“Cada pergunta era recebida como uma indagação que merecia uma resposta honesta. Mesmo as perguntas para as quais não existem respostas.”
* Sagan também teve outro filho com Ann Druyan chamado Sam Sagan. Infelizmente, não foi encontrada nenhuma foto de Sam pelo autor deste texto.
Com famosos (Dalai Lama e Isaac Asimov)
Isaac Asimov descreveu Sagan como [4]:
“Uma das duas pessoas que ele encontrou cujo intelecto ultrapassava o dele próprio”.
Dalai Lama conversou com Carl em 1991, em uma entrevista brilhante sobre budismo e ciência.
Em discursos
Quando o líder soviético Mikhail Gorbachev declarou uma moratória unilateral para os testes com armas nucleares, que começariam em 6 de agosto de 1985, no 40º aniversário dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, a administração de Reagan refutou a iniciativa soviética, e se recusou a seguir o exemplo soviético. Em resposta, ativistas antinucleares e pacifistas americanos realizaram uma série de protestos no local de testes nucleares em Nevada, que começaram na páscoa de 1986 e continuaram até 1987. Centenas de pessoas foram presas, incluindo Sagan [5]:
“Toda pessoa que pensa teme a guerra nuclear e cada nação tecnológica a planeja. Todo mundo sabe que é loucura, e cada país tem uma desculpa”.
Em realizações científicas
Em 9 de novembro de 2001, no 67º aniversário de nascimento de Sagan, o Ames Research Center da NASA dedicou ao cientista o Carl Sagan Center for the Study of Life in the Cosmos. O responsável da NASA, Daniel Goldin disse [6]:
”Carl foi um incrível visionário, e agora seu legado poderá ser preservado e ampliado por um laboratório de pesquisa e capacitação do século XXI dedicado a melhorar nossa compreensão da vida no Universo e para jamais perder a causa da exploração espacial.”
Referências
- Davidson, Keay (1999). Carl Sagan: A Life. Wiley.
- Carl Sagan por Ann Druyan.
- Sagan, Sasha (2014). Lessons of Immortality and Mortality From My Father, Carl Sagan. The Cut.
- Asimov, Isaac (1980). In Joy Still Felt: The Autobiography of Isaac Asimov, 1954–1978. Doubleday.
- Sagan, Carl (1980). Cosmos: A Personal Voyage. PBS.
- Mewhinney, Michael (2001). New Carl Sagan Center Site To Be Dedicated Nov. 9 At NASA Ames. NASA.