Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert
Sufocado em uma atmosfera nebulosa que esconde lagos rasos de hidrocarbonetos líquidos, Titã é um mundo estranho que estamos morrendo de vontade de olhar de perto. É por isso que a NASA está se preparando para lançar uma aeronave robótica para explorar essa paisagem em 2027.
Agora temos uma ideia melhor de que tipo de paisagem aguarda a missão Dragonfly da NASA.
Com a chegada à maior lua de Saturno em 2034, a sonda acabará por se estabelecer no campo de dunas de Shangri-la, perto da cratera Selk. Os pesquisadores a descrevem como uma “área cientificamente notável” digna de exploração, e ainda temos muito mais a aprender sobre ela.
Um novo estudo mapeia seis partes específicas da região, identificando-a como um local provavelmente coberto por dunas de areia e solo rachado e gelado. O trabalho fornecerá uma base para modelos e hipóteses que podem ser testados pela Dragonfly assim que a sonda pousar.
“Dragonfly pousará em uma região equatorial e seca de Titã – um mundo de hidrocarbonetos gelado e de atmosfera espessa”, disse a cientista planetária Léa Bonnefoy, da Universidade Cornell, em Nova York (EUA).
“Chove metano líquido às vezes, mas é mais como um deserto na Terra – onde você tem dunas, algumas pequenas montanhas e uma cratera de impacto. Estamos olhando de perto o local de pouso, sua estrutura e superfície.”
Esse olhar de perto envolveu uma análise detalhada das imagens de radar capturadas pela sonda Cassini: observando a maneira como os sinais de radar mudam e refletem de diferentes ângulos (tecnicamente conhecidos como curvas de retroespalhamento), os pesquisadores foram capazes de fazer suposições sobre partes da superfície de Titã.
Como as imagens da Cassini têm apenas uma resolução de cerca de 300 metros por pixel, a equipe também levou em consideração os dados coletados pela sonda Huygens, que pousou ao sul do novo local de pouso em perspectiva.
Até agora, muitos desses detalhes, como a altura e a forma da cratera Selk, são pouco mais do que estimativas, o que significa que há muitas análises a serem feitas entre agora e 2034.
“Nos próximos anos, veremos muita atenção prestada à região da cratera Selk”, disse o cientista planetário Alex Hayes, da Universidade Cornell.
Dragonfly vai ser o que é chamado de mini helicóptero; uma engenhoca semelhante a um helicóptero comum que operará de maneira semelhante a um drone quando atingir a zona de pouso. Está planejado para pesar cerca de 450 kg, com oito rotores, cada um com cerca de um metro de diâmetro.
Na atmosfera de baixa gravidade e ventos fracos de Titã, Dragonfly se aproximará a uma velocidade máxima de 36 quilômetros por hora, fazendo voos cada vez mais longos para longe de seu local de pouso inicial.
Como Titã é em muitos aspectos comparável à Terra primitiva, os cientistas esperam aprender mais sobre nosso próprio planeta, bem como a lua de Saturno. Em última análise, espera-se que nossa compreensão de Titã cresça consideravelmente quando o Dragonfly chegar, da mesma forma que o rover Curiosity nos mostrou muito mais sobre Marte.
“A Dragonfly vai finalmente nos mostrar como a região – e Titã – se parece”, disse Bonnefoy.
A pesquisa foi publicada no Planetary Science Journal.