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A Postura dos Dinossauros Sauropodomorfos

Os saurópodes, dinossauros com um tamanho descomunal que pesavam toneladas, sempre deram grande atenção e paixão ao público – desde a época de Jurassic Park – até a atualidade. A maioria das representações em museus, artes, filmes (em geral na mídia) retratam os saurópodes com seu respectivo pescoço na posição horizontal, enquanto em outras espécies aparecem na posição vertical. Mas qual a posição do pescoço é mais correta de se afirmar? Ou melhor, qual é a posição verdadeira?

Certos paleontólogos (cientistas que estudam as formas de vida passadas), como Crowther & Martin (1976) contestaram uma nova visão ao estudar a anatomia do pescoço de um certo dinossauro saurópode chamado Cetiosaurus.  Segundo eles, este animal teria  mantido seu pescoço em um nível abaixo dos ombros e não na posição vertical (vide imagem), como visto na maioria dos sauropodomorfos.

Cetiosaurus, em Leicester's New Walk Museum (Photo: Tim Jones)
Cetiosaurus, em Leicester’s New Walk Museum (Photo: Tim Jones)

Outros cientistas, Stevens & Parrish (1999) estudaram os pescoços de dois saurópodes bastante famosos, o Diplodocus e o Apatosaurus. Ambos mediram o ângulo do movimento entre todas as vértebras do pescoço (cervicais) que se estendiam-se em ambos dinossauros. Somando todas as medidas horizontais e verticais, os paleontólogos perceberam que ambas espécies tinham a mesma mobilidade do pescoço limitada.

Mas não para por aí, Stevens e seu ajudante Parrish imaginaram a amplitude que o pescoço dessas duas espécies poderiam chegar: o Diplodocus e o Apatosaurus poderiam mover suas cabeças a 4 m de altura do chão, no máximo! Porém, o Apatosaurus contêm um pescoço mais flexível, tendo a oportunidade de elevar ele a 6 m de altura; assim tais espécies estudadas não poderiam ficar com seu pescoço na posição vertical, já que o arranjo das zigapófises (saliência nos ossos, cuja função é articular uma vértebra na outra) impediria tal ação. Sendo assim podemos concluir que essas duas espécies se alimentavam-se de plantas rasteiras.

Apatosaurus à esquerda e o Diplodocus à direita. Perceba a posição do pescoço de cada.
Apatosaurus à esquerda e o Diplodocus à direita. Perceba a posição do pescoço de cada. Créditos pelas imagens: deviantART

Mas então por que o famoso Brachiosaurus – mostrado em Jurassic Park – poderia manter seu pescoço na vertical? Bem, certos tipos de saurópodes evoluíram com adaptações essenciais para sua vivência (ou talvez a maioria se limitaram a tal ação benéfica), uma delas é possuir seu pescoço na posição vertical, alcançando árvores enormes. Já outros grupos de saurópodes como os diplodocoideas (que no qual fazem parte o Apatosaurus e o Diplodocus) por base de seu comprimento, e peso ‘exagerado’ não poderiam levantar em uma posição significativa seu pescoço.

Porém, descobertas recentes mostram que o Brachiosaurus não teria a capacidade de ficar em um bom tempo, com seu pescoço na posição vertical. Segundo paleontólogos, o coração do Brachiosaurus teria de ser do tamanho de dois Fuscas para conseguir bombear tanto sangue até seu cérebro.

Brachiosaurus em Jurassic Park, 1993. Créditos pela imagem: Universal Studios.
Brachiosaurus em Jurassic Park, 1993. Créditos pela imagem: Universal Studios.

Podemos concluir então após estudos antigos e recentes, que certas espécies de saurópodes teriam a vantagem de elevar seu pescoço nas maiores copas de árvores daquela época! Mas já outros se limitavam a tal ação, comendo apenas plantas rasteiras, o que era muito abundante na era Mesozoica. Mas isso não faz destes titãs que vagaram pela Terra, animais menores do que eram, não é mesmo?

REFERÊNCIAS

Benton, Michael J. Paleontologia dos vertebrados / Michael J. Benton ; traduzido pela editora. — 3. ed. — São Paulo : Atheneu Editora, 2008.

Saiba mais sobre o assunto em: Ikessauro.com (clique no link para ser redirecionado à página com este assunto).

Aryel C. Goes

Aryel C. Goes

23 anos, bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela UNESP - Rio Claro. Atualmente mestrando em Biologia Celular, Molecular e Microbiologia pela mesma instituição. Interessado por imunologia social, etologia, ecologia comportamental, psicobiologia e sua aplicabilidade em insetos sociais. Atrelado a isso, desenvolvo projetos de pesquisa para entender o reconhecimento, defesa e adaptabilidade de formigas saúva-limão contra fungos antagonistas. Sou deísta e creio em um sistema infinito do Universo, aproximando-me demais de outras áreas como a Cosmologia.