Por Matt Warren
Publicado na Science
A invenção do zero pelos humanos foi crucial para a matemática e a ciência modernas, mas não somos a única espécie a considerar o “nada” um número. Papagaios e macacos entendem o conceito de zero, e agora as abelhas também se juntaram ao clube.
As abelhas melíferas possuem algumas habilidades numéricas, como a capacidade de contar até quatro, o que pode ser útil quando se acompanha os marcos em seu ambiente. Para ver se essas habilidades se estendiam ao entendimento do zero, os pesquisadores treinaram 10 abelhas para identificar o menor entre dois números. Através de uma série de testes, eles mostraram aos insetos duas imagens diferentes exibindo algumas formas pretas em um fundo branco. Se as abelhas voassem para a foto com o menor número de formas, elas recebiam uma deliciosa água açucarada, mas se voassem em direção ao maior número, elas seriam punidas com quinina de sabor amargo.
Uma vez que as abelhas aprendessem a fazer a escolha correta de forma consistente, os pesquisadores ofereciam a elas uma nova opção: um fundo branco que não continha nenhuma forma. Mesmo que as abelhas nunca tivessem visto uma imagem vazia antes, 64% das vezes escolheram essa opção, em vez de uma foto contendo duas ou três formas, relatam os autores na Science. Isso sugere que os insetos entendem que “zero” é menor que dois ou três. E elas não estavam apenas indo para a imagem vazia porque era nova e interessante: outro grupo de abelhas treinadas para escolher sempre o maior número tendia a escolher a imagem diferente de zero nesse teste.
Em experimentos posteriores, os pesquisadores mostraram que a compreensão do zero em abelhas era ainda mais sofisticada: por exemplo, elas conseguiam distinguir entre um e zero – um desafio mesmo para alguns outros membros do clube zero. Habilidades numéricas avançadas como essa podem dar aos animais uma vantagem evolutiva, ajudando-os a acompanhar predadores e fontes de alimentos. E se um inseto pode exibir uma compreensão tão profunda do número zero, escrevem os pesquisadores, então essa habilidade pode ser mais comum no reino animal do que pensamos.