No século XIX, o biólogo evolucionista Thomas Henry Huxley cunhou o termo “agnosticismo”, resgatando o ceticismo quanto à perspectiva religiosa.
Desde então, muitas pessoas começaram a tomar o rótulo de agnósticas para si mesmas, mostrando essa terceira via entre ateus e teístas. Ser ateu começou a ser considerado uma posição tão religiosa quanto acreditar em Deus, e como “discutir o sexo dos anjos” foi ficando fora de moda, se posicionar como agnóstico parecia dar a questão como superada.
O agnosticismo é a ideia de que não é possível conhecer, de fato, aquilo que diz respeito à religião — se Deus (ou deuses) existe(m) ou não.
Porém há um problema inerente e conceitual em afirmar que você é agnóstico, mas não ateu nem crente. Trata-se de um problema epistemológico, que nos faz questionar a validade da posição agnóstica enquanto essa tão invocada terceira via entre a crença e a descrença na realidade divina.
Para pensar a questão, produzi o vídeo abaixo, onde tento elencar razões pelas quais o agnosticismo é, na verdade, apenas um suporte epistêmico para nossas crenças objetivas sobre a existência de deus(es).
É preciso notar que não se trata de tomar o agnosticismo como ilusivo e, portanto, descartável; antes, trata-se de perceber as nuances que derivam de tal posição, justificando, assim, um distanciamento da ideia, agora verdadeiramente ilusiva, de que o agnóstico está numa condição esterilizada dentre um assunto de disputa científica e religiosa, que diz respeito mesmo à natureza da realidade.
O agnóstico, ciente da falibilidade de suas crenças, invoca para si a condição da humildade intelectual, um flerte com a incerteza da realidade. Entretanto, na condição de humano, o agnóstico não está isento de influências e suspeitas sobre o que pode ser a verdade. Sua posição cética quanto ao conhecimento complementa suas intuições, e não apenas não fundamenta, como também não anula sua crença sobre a questão, sua aposta no que, dentro de seu campo de conhecimento, faz sentido crer, mas sobre o que não ousa dar a cartada final da convicção, pois sua única certeza é depositada na possibilidade do incerto.
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