Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert
Amostras minerais coletadas do asteroide Ryugu continuam sendo um tesouro de informações interessantes para os cientistas, com uma nova análise revelando o local de nascimento do objeto.
Acontece que Ryugu se originou nos confins do Sistema Solar, onde os cometas geralmente se formam.
Uma grande equipe de pesquisadores liderada por uma equipe da Universidade de Hocaido, no Japão, examinou atentamente os minerais que compõem o Ryugu, usando instrumentos como um microscópio eletrônico de varredura e um espectrômetro de massa de íons secundários.
Em particular, eles examinaram os níveis de isótopos de oxigênio-16.
“As composições isotópicas de oxigênio de minerais primários podem potencialmente fornecer restrições importantes em sua origem”, escreveram o cientista planetário da Universidade de Hocaido, Noriyuki Kawasaki, e seus colegas em seu paper publicado.
Os cometas se formam mais longe do Sol do que os asteroides e, devido às temperaturas mais baixas nessas regiões distantes, eles retêm uma quantidade significativa de gelo como parte de sua composição. Os asteroides, em comparação, são feitos quase inteiramente de rocha.
A presença de minerais de carbonato nas amostras de poeira Ryugu, juntamente com aminoácidos, sugere que o asteroide se formou em condições aquosas de baixa temperatura – em algum lugar onde o gelo não vaporiza facilmente, talvez nas regiões ao redor de Urano e Netuno.
Mas isso não é tudo: a equipe também foi capaz de identificar minerais como espinélio, olivina e perovskita que se formam em temperaturas mais altas (acima de 1.000 graus Celsius).
A hipótese é que algum material do Sistema Solar interno viajou para longe do Sol, eventualmente colidindo com Ryugu e tornando-se parte dele.
Os isótopos de cobre e zinco de Ryugu se aproximam dos do meteorito carbonáceo Ivuna, descoberto há muitos anos na Tanzânia, relatam os pesquisadores. Também existem semelhanças com a composição do cometa 81p/Wild 2, o que significa que provavelmente se formou da mesma maneira, em uma mistura de material do Sistema Solar interno e externo.
Todo esse trabalho de detetive ajuda os cientistas a mapear a história geológica de Ryugu e seu lugar no Universo. O asteroide provavelmente tem bilhões de anos e traz consigo pistas sobre os primeiros anos do Sistema Solar.
Até então, meteoritos como Ivuna, conhecido como condritos carbonáceos, têm sido usados por cientistas para fazer suposições sobre os asteroides e cometas que caíram na Terra ao longo de sua história. Agora, porém, temos amostras colhida do vácuo do espaço para estudar.
Os cientistas já estabeleceram que Ryugu contém partículas de outras estrelas que explodiram antes da formação do Sol. É provável que o asteroide nos diga muito mais no futuro, à medida que os estudos continuam sobre o material coletado dele.
“Inferimos que a região de acreção dos corpos parentais de Ryugu [e do mesmo tipo de Ivuna] é distinta daquelas de outros grupos de condritos carbonáceos, incluindo o meteorito encontrado no Lago Tagish, e pode estar mais próxima da região de acreção do cometa 81P/Wild2,” concluíram os pesquisadores.
A pesquisa foi publicada na Science Advances.