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Ancestral humano antigo andava sobre duas pernas há 7 milhões de anos, descobriram cientistas

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

A mudança para andar sobre duas pernas, em vez de quatro, é um momento importante na evolução de nossa espécie, e é por isso que os cientistas querem identificar exatamente quando isso aconteceu – e um novo estudo coloca a adaptação como ocorrendo há cerca de 7 milhões de anos.

Isso é baseado em uma análise detalhada de fósseis de coxa (fêmur) e antebraço (ulna) de Sahelanthropus tchadensis, a espécie representativa mais antiga da humanidade. Esses fósseis foram descobertos pela primeira vez em Toros-Menalla, no Chade, em 2001.

Ao mesmo tempo, é provável que esses primeiros hominídeos também escalassem árvores usando todos os quatro membros – como seria de esperar se a espécie fizesse a mudança gradual de quatro patas para duas pernas.

“Aqui apresentamos evidências pós-cranianas do comportamento locomotor de S. tchadensis, com novas perspectivas sobre o bipedalismo no estágio inicial da história evolutiva dos hominídeos”, escreveram os pesquisadores em seu paper publicado.

Modelos 3D dos fósseis de Sahelanthropus tchadensis. (Créditos: Franck Guy/PALEVOPRIM/CNRS – Universidade de Poitiers)

Ao comparar os fósseis da coxa e do antebraço com os ossos equivalentes de humanos, chimpanzés e gorilas, os pesquisadores conseguiram descobrir a mecânica de como eles eram usados ​​e como essa espécie se movia (seu “modo locomotor”).

Um total de 20 características diferentes dos ossos fossilizados foram usados ​​para estabelecer se o S. tchadensis andava sobre duas ou quatro pernas, incluindo a forma externa dos restos mortais e as estruturas internas, avaliadas por meio de imagens de microtomografia.

Eles concluíram que a “bipedidade habitual” com alguma escalada em árvores era o cenário mais provável.

A equipe também sugere que há uma diferença entre a maneira como a espécie escalava as árvores em comparação com os gorilas e chimpanzés de hoje: apertando firme com as mãos, em vez de se apoiar nos ossos dos dedos das mãos e dos pés.

“A curvatura e as propriedades geométricas da seção transversal da ulna são indicativas de comportamentos arbóreos habituais, incluindo escalada rápida e/ou ‘cautelosa’, em vez de quadrupedalismo terrestre”, escreveram os pesquisadores.

A pesquisa se baseia em um estudo anterior de um fóssil de crânio desenterrado no mesmo local e que se acredita também pertencer a S. tchadensis. A análise do crânio sugeriu que essas criaturas semelhantes aos grandes símios eram bípedes, mas agora há evidências mais abrangentes.

Os fósseis datam da época (entre 6 e 8 milhões de anos atrás) em que os humanos se separaram geneticamente de chimpanzés e bonobos, que são nossos parentes ainda vivos mais próximos, por isso é um estágio crucial – e que já atraiu muitos debates científicos.

Esses primeiros hominídeos provavelmente viveram em um ambiente que misturava florestas, palmeiras e pastagens, com tanto andar sobre duas pernas quanto subir em árvores sendo opções para eles enquanto procuravam comida e água.

“A hipótese mais parcimoniosa permanece de que a morfologia pós-craniana do Sahelanthropus é indicativa de bipedalidade e que qualquer outra hipótese teria menos poder explicativo para o conjunto de características apresentadas pelo material do Chade”, escreveram os pesquisadores.

A pesquisa foi publicada na Nature.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.