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Antigo superpredador que viveu 328 milhões de anos atrás era ‘o T. rex de sua era’

Traduzido por Julio Batista
Original de Stephanie Pappas para a Live Science

Um carnívoro dentuço de 1,8 metros de comprimento que assombrava os lagos do que hoje é o meio-oeste estadunidense teria sido um dos principais predadores em seu ecossistema de água doce – um “T. rex de sua era”, de acordo com cientistas que estudaram a criatura. E ela crescia rápido, segundo novas pesquisas.

O predador, um primitivo vertebrado de quatro patas conhecido como tetrápode, viveu há cerca de 328 milhões de anos durante o início do período Carbonífero. Seu nome é Whatcheeria deltae, em homenagem à cidade de What Cheer, Iowa, onde muitos de seus fósseis são encontrados. Ele viveu em uma época em que a região tinha uma vegetação exuberante e marcada com sumidouros que se transformaram em lagos. W. deltae teria se escondido nesses lagos, crescendo até 2 metros de comprimento e se parecendo com enormes salamandras cheias de dentes.

“Isso teria feito do Whatcheeria a maior criatura do lago: fosse aonde quisesse, comendo o que quisesse”, disse Ben Otoo, candidato a doutorado no Museu Field de História Natural de Chicago e na Universidade de Chicago, EUA, e um dos autores de um novo estudo descrevendo W. deltae publicado na segunda-feira (28 de novembro) na revista Communications Biology.

Otoo e estava estudando a coleção do Museu Field de 375 espécimes de W. deltae – alguns fragmentos de ossos e alguns esqueletos quase completos – quando notaram que os ossos dos membros do animal tinham tamanhos diferentes. As diferenças de tamanho não foram baseadas em quando ou onde os fósseis foram encontrados, então Otoo percebeu que eles estavam olhando para ossos de animais de diferentes idades. Os ossos menores dos membros mediam cerca de 10 centímetros de comprimento, enquanto os maiores tinham 80 centímetros.

Um crânio fossilizado de Whatcheeria deltae, exibindo os numerosos dentes afiados do tetrápode.(Créditos: Kate Golembiewski, Museu Field de História Natural)

Isso significou que Otoo e seus colegas tiveram a oportunidade de estudar como W. deltae crescia. Os primeiros tetrápodes, como os whatcheerídeos, estavam relacionados aos répteis, anfíbios e mamíferos modernos, mas estavam em uma linhagem evolutiva diferente do ancestral desses três grupos. Os pássaros e mamíferos modernos tendem a crescer rapidamente na juventude e depois param de crescer, enquanto os répteis tendem a crescer rapidamente no início e depois continuam crescendo, mas mais lentamente. Enquanto isso, alguns anfíbios crescem a uma taxa lenta e consistente ao longo de suas vidas. Pouco se sabia sobre como os primeiros tetrápodes podiam ter crescido.

Ao observar os anéis de crescimento nos ossos, a equipe descobriu que W. deltae crescia rapidamente e depois seguia para uma taxa de crescimento mais lenta, mas constante. Todos os nove espécimes que eles estudaram eram juvenis e adultos jovens, disse Otoo, então parece que os animais cresceram até cerca de 1 metro de comprimento quando se aproximaram da maturidade sexual e depois cresceram mais lentamente na idade adulta.

“Você tem esse animal que está correndo para chegar à idade reprodutiva ao atingir pelo menos um tamanho decente muito rapidamente, porque a melhor maneira de sair do alcance de presas de um predador é ficar maior”, disse Otoo à Live Science.

Foi surpreendente ver esse padrão em um tetrápode tão precoce, acrescentou Otoo, porque os cientistas esperavam que o rápido crescimento inicial estivesse ligado a um estilo de vida terrestre e restrito a mamíferos, aves e répteis com metabolismos mais elevados do que os dos primeiros tetrápodes.

“Encontrar [crescimento rápido] em um animal tão antigo quanto Whatcheeria e tão primitivo quanto Whatcheeria foi realmente inesperado”, disse Otoo.

Outros tipos de tetrápodes desta época cresceram de forma mais lenta e constante, disse Otoo, então está claro que esses primeiros animais de quatro patas estavam tentando vários caminhos evolutivos diferentes para o sucesso.

“Os primeiros tetrápodes, mesmo aqueles distantes da origem das linhagens vivas modernas, basicamente tinham muito mais coisas acontecendo com eles do que pensávamos”, disse Otoo.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.