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“Aquele que causa medo”: novo dinossauro predador e feroz é desenterrado na Patagônia

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

Uma escavação na Argentina revelou uma espécie de dinossauro até então desconhecida, e o predador semelhante a um tiranossauro recebeu um nome que se adequa ao que sabemos sobre ele até agora: Llukalkan aliocranianus, ou ‘aquele que causa medo’.

Capaz de crescer tanto quanto um elefante, e com dentes afiados e uma mordida poderosa, L. aliocranianus sem dúvida teria sido uma visão assustadora para qualquer outra criatura que passou por ele durante o período Cretáceo superior, que durou até a extinção do dinossauros há 66 milhões de anos.

A nova espécie é um abelissaurídeo, embora provavelmente tivesse uma audição melhor (semelhante a um crocodilo moderno) do que as outras nove espécies da família encontradas até agora. O dinossauro também tinha garras enormes em seus pés e um olfato apurado, dizem os pesquisadores.

Impressão artística do Llukalkan aliocranianus. (Créditos: Jorge Blanco e Journal of Vertebrate Paleontology)

“Esta é uma descoberta particularmente importante porque sugere que a diversidade e abundância de abelissaurídeos eram notáveis, não apenas na Patagônia, mas também em áreas mais locais durante o período crepuscular dos dinossauros”, disse o paleontólogo Federico Gianechini, da Universidade Nacional de San Luis na Argentina.

A Patagônia e outras áreas do antigo supercontinente Gonduana – agora divididos em África, Índia, Antártica, Austrália e América do Sul – eram onde os abelissaurídeos vagavam.

Embora seus antebraços curtos lhes dessem uma aparência semelhante à do T. rex, eles tinham crânios mais curtos e profundos, muitas vezes com cristas, saliências e chifres. Este dinossauro em particular teria protuberâncias em sua cabeça semelhantes ao lagarto monstro-de-gila.

Os pesquisadores determinaram que L. aliocranianus compartilhou a mesma parte do mundo ao mesmo tempo que outro abelisaurídeo, Viavenator exxoni, embora a nova espécie fosse menor.

“Esses dinossauros ainda estavam experimentando novos caminhos evolutivos e se diversificando rapidamente antes de morrerem completamente”, disse o paleontólogo Ariel Mendez, do Instituto Patagônico de Geologia e Paleontologia da Argentina.

Crânio do Llukalkan aliocranianus. (Créditos: Journal of Vertebrate Paleontology)

Parte dos restos fossilizados do ‘aquele que causa medo’ inclui uma caixa craniana, mostrando uma característica única entre os abelissaurídeos: um pequeno seio posterior cheio de ar na zona do ouvido médio, que ajudou a ter aquela audição de crocodilo.

Essa audição pode muito bem ter melhorado as habilidades do dinossauro como predador, e a equipe de pesquisa diz que tanto o L. aliocranianus quanto o V. exxoni estariam entre os comedores de carne mais perigosos da época.

Mapa e imagens mostrando onde o espécime foi encontrado na Argentina. (Créditos: Gianechini et al., Journal of Vertebrate Paleontology, 2021)

É provável que haja mais para encontrar na região também, de cerca de 80 milhões de anos atrás – um período que parece ter sido próspero para os abelissaurídeos e os furileussauros (‘lagartos de dorso rígido’) que compunham esta parte do família.

“Esta descoberta também sugere que provavelmente existem mais abelissaurídeos que ainda não encontramos, então estaremos procurando por outras novas espécies e uma melhor compreensão da relação com os furilessaurídeos”, disse Gianechini.

A pesquisa foi publicada no Journal of Vertebrate Paleontology.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.