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Estudos médicos sem revisão adequada de pré-publicação podem prejudicar a confiança do público na ciência

Traduzido por Julio Batista
Original de Taylor & Francis Group para a EukerAlert

O público pode perder a confiança na ciência se os pesquisadores científicos e médicos optarem por contornar os altos padrões tradicionais das revistas médicas revisadas por pares na pressa de divulgar os dados de pesquisa, especialmente durante crises como a pandemia da COVID-19.

Esse é o aviso de três organizações líderes de comunicação médica, que publicaram uma declaração conjunta na revista científica Current Medical Research and Opinion – afirmando que a integridade da pesquisa científica e médica publicada deve ser protegida.

Hoje, a declaração conjunta da American Medical Writers Association (AMWA), da European Medical Writers Association (EMWA) e da International Society for Medical Publication Professionals (ISMPP), argumenta que, embora a revisão por pares ainda seja o processo mais comum para verificar publicações científicas, há uma tendência preocupante de artigos serem lançados sem revisão antes da publicação.

Especialmente durante a crise de saúde da COVID-19, os pesquisadores médicos sentiram uma pressão significativa para publicar os resultados da COVID-19 o mais rápido possível, mas a declaração enfatiza que ter uma revisão antes da publicação ainda é essencial. O perigo é que, uma vez que o limite de supervisão da publicação seja reduzido, isso se torne um precedente que não pode ser facilmente revertido, potencialmente contornando os padrões e fazendo com que o público perca a confiança na ciência médica. “Os comunicadores médicos, incluindo escritores, editores e aqueles envolvidos no controle de qualidade, desempenham um papel crítico em garantir que os dados clínicos e científicos sejam publicados e disseminados de maneira precisa e clara. No ambiente atual de pressa para publicar, todas as partes interessadas nas comunidades de pesquisa científica e clínica e na imprensa devem garantir que o público tenha informações corretas e acionáveis para tomar decisões médicas e de saúde”, explicou Gail Flores, PhD, Presidente da AMWA.

Em particular, a declaração destaca o impacto das pré-publicações – relatórios científicos preliminares que são disponibilizados publicamente online para qualquer pessoa ler e discutir antes de serem revisados por pares. Embora as pré-publicações possibilitem a liberação e discussão rápida dos dados, muitas nunca são revisadas ​​ou corrigidas e apenas cerca de um terço a metade são publicadas na íntegra. Isso também pode ocorrer com artigos submetidos à revisão por pares na pós-publicação, em que um artigo é publicado em sua forma original, antes que os revisores especialistas sejam convidados a criticá-lo.

A declaração reconhece o benefício da publicação rápida, mas alerta que elas devem ser examinadas prevenindo os danos potenciais associados a um processo acelerado. “Particularmente nestes tempos, é mais importante do que nunca reter a confiança do público na ciência, enquanto equilibra a necessidade de relatar pesquisas médicas relevantes e oportunas”, afirmou Beatrix Doerr, PhD, Presidente da EMWA. Ao buscar uma resolução, as três organizações apresentam recomendações e uma Lista de Verificação dos Revisores para fornecer um padrão mínimo de verificação de pré-publicação para aprimorar os processos de pré-publicação.

Suas principais recomendações incluem:

  • Executar verificações mais extensas e consistentes, por exemplo, por hosts de servidor de pré-publicação – em artigos que não foram revisados ​​por pares antes da publicação.
  • Fazer referência a pré-publicações e artigos enviados para revisão por pares na pós-publicação apenas como referência no texto (com um link de pré-publicação, DOI ou ambos), em vez de referência bibliográfica e claramente rotulando-os como pré-publicações ou em fase de revisão por pares.
  • Colocar marcas d’água nos artigos, além de incluir uma divulgação no corpo do artigo destacando que as descobertas não foram formalmente revisadas por pares.
  • Educar jornalistas médicos e o público sobre as diferenças entre pré-publicações, revisão por pares na pós-publicação e revisão por pares tradicional.

Crucialmente, as organizações também identificaram maneiras nas quais o processo de revisão por pares – conhecido por ser “trabalhoso e demorado” – poderia ser acelerado. Eles convocam cada parte interessada – autores, editores de periódicos e editores – a desempenhar um papel nisso. Suas principais sugestões incluem:

  • Equipe de resposta rápida de revisores
  • Requisitos de formatação padronizada para reduzir o tempo de reenvio
  • Revisão por pares portátil
  • Opções de procedimentos rápidos
  • Incentivos para revisores

“Para aqueles envolvidos em pré-publicações, revisão por pares na pós-publicação, bem como em revisões por pares tradicionais, nossa declaração conjunta apresenta recomendações práticas importantes para salvaguardar a qualidade das publicações, apoiando sua disseminação mais rápida. Encorajamos fortemente os autores, editores de periódicos, divulgadores e outras partes interessadas para revisar e aplicar essas sugestões práticas, garantindo um padrão de alta qualidade para pesquisas publicadas, independentemente do formato”, enfatizou Robert J. Matheis, PhD, MA, Presidente e CEO da ISMPP.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.