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Aranhas-caçadoras foram encontradas tecendo ‘armadilhas para sapos’ com seda e folhas

Traduzido por Julio Batista
Original de Mike McRae para o ScienceAlert

Como se as aranhas já não fossem astutas o suficiente, na ilha de Madagascar, os biólogos encontraram o que parecem ser armadilhas para sapos feitas por aranhas-caçadoras (Damastes sp.).

As chamadas armadilhas eram feitas de folhas “costuradas” com seda e, potencialmente, ofereciam locais sombreados para os anfíbios descansarem, fazendo com que ficassem presos na teia e se tornassem um lanche para a aranha.

Para ser justo, chamá-los de armadilhas para sapos é, por enquanto, bastante especulativo. Este paper é baseado em uma única observação de uma aranha comendo um sapo Heterixalus andrakata.

E, neste caso, a aranha nem estava comendo o sapo dentro da armadilha, mas ao lado de um par de folhas convenientemente “costuradas” em uma cavidade sombreada, embora a aranha tenha voltado furtivamente para dentro da armadilha para ter alguma privacidade enquanto era estudada.

Mas, tendo em mente as possibilidades de coincidência e o oportunismo predativo das aranhas, há alguns bons motivos para suspeitar que as estruturas são exemplos de uma ferramenta destinada a atrair pequenos anfíbios do forte sol do meio-dia.

“Relatos anteriores de aranhas atacando anfíbios apontam para um comportamento oportunista e não fornecem evidências de especialização”, escrevem os pesquisadores, que incluem biólogos da Universidade de Antananarivo em Madagascar e da Universidade de Goettingen na Alemanha.

“Com base em nosso relatório, especulamos que as aranhas usam armadilhas direcionadas para atacar anfíbios.”

Construir retiros como forma de se esconder de predadores não é exatamente um comportamento raro entre as aranhas.

Neste caso específico, um total de quatro retiros diferentes foram encontrados, todos criados por aranhas individuais “costurando” as bordas de duas folhas adjacentes em três espécies diferentes de árvore, deixando um espaço estreito para o qual a aranha poderia sair.

Claro, poderia ser apenas um local fresco para o aracnídeo se esconder tanto do intenso calor tropical quanto dos predadores.

Mas gastar tanta seda e esforço em um sanduíche de folha só para relaxar um pouco faz pouco sentido quando há muitas opções “gratuitas” como buracos naturais e folhagem densa ao redor que servem a um propósito semelhante, embora um pouco menos luxuoso.

Ter uma recompensa nutritiva por todo esse trabalho árduo serviria pelo menos como uma compensação. E quem ficaria mais grato por um esconderijo seguro do que um pequeno sapo desesperado por uma cobertura?

“Com base nessas evidências, especulamos que os anfíbios podem não ser apenas uma presa oportunista, indiscriminada ou acidental, mas também uma fonte alimentar de aranhas Damastes sp. explorada sistematicamente”, sugerem os pesquisadores .

A intenção é algo complicado de definir em biologia. Embora os humanos regularmente desenvolvam tecnologia com um propósito explícito, a evolução costuma ser muito mais aleatória. Não há razão para pensar que os abrigos não atendam a várias necessidades, incluindo um espaço seguro para a aranha arquiteta.

Uma vez que cerca de metade da energia de um animal é gasta rotineiramente para encontrar ativamente mais energia (alimentos), ter alguma maneira de levar comida até sua porta certamente teria uma forte influência no comportamento. Portanto, talvez não sejam necessários muitos lanchinhos de sapo para o esforço valer a pena para a aranha.

Não é a primeira vez que uma aranha é vista consumindo um sapo na ilha. Embora os vertebrados não sejam as presas habituais dos aracnídeos, existem exemplos suficientes em todo o mundo para deixar claro que o esforço pode valer a pena.

Encontrar mais exemplos de presas grandes sendo comidas dentro de armadilhas, ou mesmo perto de outras cavernas frescas de folhas, certamente sugeriria que as aranhas adaptaram sua técnica de criação para dar boas-vindas aos buscadores de sombras ocasionais.

Dada a engenhosidade das aranhas em todo o mundo, devemos ficar realmente tão surpresos?

Esta pesquisa foi publicada na Ecology and Evolution.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.