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As múmias de dinossauros podem não ser tão incomuns quanto pensamos

Traduzido por Julio Batista
Original de PLOS

Um processo de dessecação e deflação explica por que as “múmias” de dinossauros não são tão excepcionais quanto poderíamos esperar, de acordo com um estudo publicado em 12 de outubro de 2022 na revista de acesso aberto PLOS ONE por Stephanie Drumheller da Universidade do Tennessee-Knoxville (EUA) e colegas.

O termo “múmia” é frequentemente usado para descrever fósseis de dinossauros com pele fossilizada, que são relativamente raros. É comumente sugerido que tais fósseis só se formam em circunstâncias excepcionais e que uma carcaça deve ser protegida da necrofagia e decomposição por rápido soterramento e/ou dessecação para que a pele se torne fossilizada. Neste estudo, Drumheller e seus colegas combinam evidências fósseis com observações em carcaças de animais modernos para propor uma nova explicação de como essas “múmias” podem se formar.

Os pesquisadores examinaram um fóssil de um dinossauro chamado Edmontossauro de Dakota do Norte (EUA), que preserva grande parte de pele desidratada e aparentemente esvaziada nos membros e na cauda. Eles identificaram marcas de mordidas de carnívoros na pele do dinossauro. Estes são os primeiros exemplos de danos de carnívoros não cicatrizados na pele de dinossauro fóssil e, além disso, isso é uma evidência de que a carcaça de dinossauro não foi protegida de carniceiros, mas se tornou uma múmia.

Sabe-se que as carcaças de animais modernos são frequentemente esvaziadas à medida que os necrófagos e decompositores vão atrás dos tecidos internos, deixando para trás pele e osso. Os autores propõem que os danos causados ​​à pele desse dinossauro por essa ‘limpeza’ incompleta teriam exposto seu interior e permitido que um processo semelhante ocorresse, após o qual a pele e os ossos se tornaram lentamente dessecados e assim foram soterrados.

As ilustrações à esquerda mostram a predação e/ou decomposição incompleta da carcaça criando aberturas na parede do corpo através das quais fluidos e gases podem escapar. Invertebrados e micróbios usam essas aberturas para acessar os tecidos internos. A remoção dos tecidos moles internos e a drenagem de fluidos e gases associados à decomposição permitem que a pele desinflada e outros tecidos dérmicos sequem e acabem indo parar acima dos ossos subjacentes. Este processo facilita a persistência a longo prazo da pele e outros tecidos moles resistentes até o eventual soterramento e fossilização. (Créditos: Paleoarte por Becky Barnes, CC-BY 4.0 (creativecommons.org/licenses/by/4.0/))

Esse processo, que os autores chamam de “dessecação e deflação”, é comum em carcaças modernas e explica como as múmias de dinossauros podem se formar em circunstâncias relativamente comuns. Os autores enfatizam que provavelmente existem vários caminhos pelos quais uma múmia de dinossauro pode se desenvolver. A compreensão desses mecanismos orientará como os paleontólogos coletam e interpretam esses fósseis raros e informativos.

Clint Boyd, paleontólogo sênior do Serviço Geológico de Dakota do Norte, acrescenta:

“Não apenas Dakota nos ensinou que tecidos moles duráveis ​​como a pele podem ser preservados em carcaças parcialmente decompostas, mas esses tecidos moles também podem fornecer uma fonte única de informações sobre os outros animais que interagiram com uma carcaça após a morte.”

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.