Pular para o conteúdo

Asteroide que matou dinossauros desencadeou ‘megaterremotos’ que abalaram o planeta por meses

 

O enorme impacto de um asteroide que matou os dinossauros também desencadeou megaterremotos que duraram meses.

Cerca de 66 milhões de anos atrás, um asteroide de aproximadamente 10 quilômetros de diâmetro colidiu com a Terra perto da Península de Iucatã, mergulhando o planeta na escuridão e causando uma extinção em massa que eliminou 80% da vida animal – incluindo todos os dinossauros não-aviários.

O tremendo megaterremoto causado pela colisão deixou sua marca nas rochas ao redor do Golfo do México, de acordo com uma nova pesquisa apresentada domingo (9 de outubro) na reunião anual da Sociedade Geológica da América (GSA).

Hermann Bermúdez, estudante de doutorado em geologia da Universidade Estadual de Montclair, em Nova Jersey (EUA), descobriu camadas de rochas na Colômbia, México, Texas, Alabama e Mississippi (esses três últimos nos EUA) que estão deformadas e rachadas como resultado do terremoto, e algumas que estão cheias de escombros deixados para trás por tsunamis gigantes gerados pelo impacto.

Algumas dessas camadas retorcidas e amarrotadas também contêm evidências de pólen – um sinal de que a vegetação começou a se recuperar pelo menos seis meses após o impacto, disse Bermúdez à Live Science. O fato dessas camadas estarem deformadas mesmo quando as plantas estavam voltando mostra que os terremotos desencadeados pelo impacto duraram meses.

O poder para matar dinossauros 

O impacto de Chicxulub – nomeado assim por conta da comunidade na Península de Iucatã perto da cratera deixada pela rocha espacial – foi incrivelmente poderoso. Quando o pedaço de asteroide atingiu a Terra há cerca de 66 milhões de anos, liberou a energia equivalente a 10 bilhões de bombas de Hiroshima e deixou uma cratera de 180 quilômetros de largura, disse Bermúdez. A energia sísmica foi 50.000 vezes maior do que a produzida pelo devastador terremoto de Sumatra em 2004. O impacto desencadeou terremotos com magnitudes superiores a 11; para comparação, o terremoto mais poderoso no registro humano foi de magnitude 9,5 no Chile em 1960. O impacto de Chicxulub também desencadeou tsunamis com ondas de mais de um quilômetro e meio de altura.

Houve relatos espalhados pelo mundo de “cicatrizes” que o evento cataclísmico deixou no registro rochoso, disse Bermúdez, mas a maioria dessas descrições é relativamente escassa. Em 2014, ele descobriu uma camada de rocha na Ilha Gorgonilla, na Colômbia, salpicada de pequenas bolotas de vidro chamadas tectitas e microtectitas, que se formaram quando a rocha derretida foi lançada na atmosfera pelo impacto e depois choveu em uma forma esférica e resfriada após o evento.

A descoberta de Gorgonilla estimulou Bermúdez a procurar outras evidências daquele dia desastroso usando o que ele chamou de “geologia da velha guarda”, ou trabalho de campo em campo usando apenas “um martelo, um mapa, nossas botas, um chapéu etc.”, disse ele em sua apresentação GSA em Denver no domingo.

Provas do declínio

No nordeste do México, no rio Brazos, no Texas, e em vários locais no Alabama e Mississippi, Bermúdez, guiado por geólogos locais, investigou camadas rochosas que datam da época do impacto, conhecidas como fronteira do Cretáceo-Paleogeno (K-Pg). Ele encontrou as marcas típicas do impacto: falhas, fraturas, misturas de detritos e lamitos que indicam a passagem de um tsunami. Algumas camadas mostraram sinais de liquefação – um fenômeno que pode ocorrer em sedimentos encharcados durante grandes terremotos, quando o tremor essencialmente faz com que o solo perca sua força e se comporte como um líquido.

Uma camada de rocha deformada na Ilha Gorgonilla, na Colômbia, mostra que o impacto fez o chão tremer por meses, mesmo depois que a vegetação começou a se recuperar. (Créditos: Hermann Bermúdez)

Todas as rochas estudadas por Bermúdez estavam no fundo do mar quando ocorreu o impacto. Evidências na Ilha Gorgonilla revelaram que a agitação durou muito tempo após o impacto inicial: esporos de samambaias que gradualmente se deslocaram para o fundo do mar dias a semanas após serem liberados pelas plantas aparecem em uma camada de apenas 1 centímetro acima da fronteira K-Pg. Essa camada está amarrotada e deformada.

“O mundo estava tremendo quando esses depósitos estavam se estabelecendo no fundo do mar”, disse Bermúdez à Live Science. Como as samambaias não se recuperaram por seis meses a um ano após o impacto de Chicxulub, a descoberta indica que o planeta continuou estremecendo por meses após o asteroide colidir com ele.

Bermúdez retornará ao México esta semana para realizar mais trabalho de campo, disse ele. Ele espera estimar a magnitude do megaterremoto pós-Chicxulub a partir do registro rochoso.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.