Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert
O asteroide 2018 LA colidiu com a Terra no deserto de Kalahari em 2 de junho de 2018 – e agora os cientistas foram capazes de rastreá-lo por 22 milhões de anos até o local de onde ele se originou.
Esta é a primeira vez que toda a viagem de um meteorito à Terra foi mapeada desta forma, e é apenas a segunda vez que tivemos a oportunidade de observar um asteroide no espaço antes de entrar na atmosfera e se tornar um meteoro.
Com base nessas observações iniciais, na análise dos fragmentos do meteorito recuperados e em vários outros fatores, um novo estudo aponta a origem de 2018 LA como parte de Vesta – o segundo maior asteroide do Sistema Solar e o único que às vezes pode ser visto da Terra a olho nu.
“A análise do meteorito indica que ele estava enterrado profundamente sob a superfície de Vesta antes de ser ejetado milhões de anos atrás”, disse o astrônomo Hadrien Devillepoix, da Universidade Curtin em Perth, Austrália.
“Esta conquista é complementar às sondas de retorno de amostras como Hayabusa-2. Esta pesquisa nos permite mapear progressivamente a composição do cinturão de asteroides, e podemos ter uma ideia melhor do tipo de material que os asteroides ameaçadores a Terra são feitos.”
A chave para a análise foram as imagens de 2018 LA no espaço que foram obtidas pelo telescópio SkyMapper da Universidade Nacional da Austrália. Essas imagens foram adicionadas junto com dados de outros telescópios e imagens locais de circuito interno de televisão (CFTV) que mostravam os últimos momentos antes do impacto na Botsuana, para descobrir de onde o meteorito tinha vindo.
Os fragmentos descobertos em um campo ofereceram mais pistas: técnicas como espectroscopia e microtomografia foram usadas para determinar se as rochas combinavam com as do meteorito Sariçiçek de 2015, que também veio de Vesta.
“Há bilhões de anos, dois impactos gigantes em Vesta criaram uma família de asteroides maiores e mais perigosos. Os meteoritos recém-recuperados nos deram uma pista de quando esses impactos podem ter acontecido”, explicou um dos membros da equipe, o astrônomo do Instituto SETI Peter Jenniskens.
Ambos os objetos de 2015 e 2018 são meteoritos Howarditos, Eucritos e Diogenitos (HED), assim chamados por causa de suas composições químicas e minerais.
Traçar esses meteoritos de volta às suas origens no espaço, por meio do uso de análise química e modelagem de computador, nos diz mais sobre o local de origem também – a bacia de Veneneia em Vesta, onde esses asteroides se separaram pela primeira vez.
“Os materiais mais antigos conhecidos encontrados tanto em Vesta quanto no meteorito são grãos de zircão que datam de mais de 4,5 bilhões de anos atrás, durante a fase inicial do Sistema Solar”, disse o astrônomo Christopher Onken, da Universidade Nacional da Austrália (ANU).
Quando o asteroide 2018 LA atingiu a atmosfera da Terra, ele estava viajando a cerca de 60.000 quilômetros por hora, mostram os dados. Ele teria um diâmetro de 1,5 metro e um peso de cerca de 5.700 quilogramas.
O meteoro teria fragmentado cerca de 27 quilômetros acima do solo, estabeleceram os pesquisadores, criando um clarão 20.000 vezes mais brilhante do que a Lua cheia ao entrar na atmosfera da Terra.
Um total de 23 fragmentos de meteorito foram finalmente recuperados enquanto os pesquisadores triangularam o local da queda e passaram dias vasculhando o terreno na Reserva de Caça do Kalahari Central, mantida a salvo de leopardos e leões pela equipe dos parques nacionais.
“O meteorito é chamado de ‘Motopi Pan’ em homenagem a um poço local”, disse o geocientista Mohutsiwa Gabadirwe do Instituto de Geociências da Botsuana. “Este meteorito é um tesouro nacional da Botsuana.”
A pesquisa será publicada na revista Meteoritics and Planetary Science.