Publicado na Space Today
Durante 2015, surgiram evidências de que o Large Hadron Collider do CERN teria descoberto uma nova partícula subatômica, seria uma descoberta que superaria a descoberta do bóson de Higgs, em 2012, pelo LHC, talvez o avanço mais significativo desde a teoria da Relatividade de Einstein. A colisão de 750 GeV no LHC registrou algo que os físicos acreditavam como uma conclusão inequívoca: tinham encontrado algo novo. Os subprodutos da colisão de prótons que ocorreram durante a corrida de experiências de 2015 no ATLAS e CMS do CERN, parecia ser uma nova partícula.
Mas a natureza tinha outros planos, o CERN reportou que as evidências dessa nova partícula, o que a princípio parecia promissor nos dados, indicava um partícula de massa única, ou seja, era apenas um ruído, já que os dados não conseguiram replicar a colisão em 2016, o que indicava que as observações anteriores eram apenas flutuações estatísticas. Isso resultou em um desapontamento geral entre os pesquisadores de física em altas energias: o LHC conseguiu capturar o bóson de Higgs; essa partícula ou interação que ainda permanece desconhecida, poderia “capturar” a supersimetria, uma nova física, mas parece que a natureza não quis cooperar.
“Seria uma descoberta muito profunda para descobrirmos que não veríamos nada mais.”, diz Cranmer, sugerindo que a supersimetria não é a resposta, e os físicos teóricos terão de voltar para as pranchetas para descobrir como resolver os mistérios deixados pelo modelo padrão.
“Se todos nós chegamos à um vazio, teríamos de questionar nossos pressupostos fundamentais.” diz Sarah Demers, física de Yale, que acrescenta: “Que é algo que estamos tentando fazer o tempo todo, mas que realmente nos força.”
Uma possibilidade alternativa é que as respostas existem, mas em outros universos. Se o LHC não pode encontrar respostas para a pergunta “Por que o Higgs é tão leve?” os cientistas podem pensar em uma resposta “fora da caixa”,onde toneladas de universos paralelos existem um para o outro. “Pode ser que na maioria (dos universos), o bóson de Higgs seja pesado, e em apenas alguns universos muito incomuns (como o nosso) o bóson de Higgs seja leve.” diz Cranmer.
Basicamente, na escala do nosso universo, o bóson de Higgs pode não fazer sentido por ser leve. Mas se você colocá-lo em conjunto com todos os universos possíveis, a matemática pode verificar isso.
O problema com essa teoria é que, se existem bósons de Higgs mais pesados em outros universos, não há nenhuma maneira possível de observá-los. “É por isso que muita gente não gosta dessa teoria, eles consideram que é anti-ciência.” diz Cranmer “Pode ser impossível testar.”
De volta há 2012, os cientistas saudaram a descoberta do Higgs, especulando que um dia ele pode tornar possível a viagem a velocidade da luz para objetos “sem massa” ou permitir que grandes itens possam ser lançados para o espaço por “desligar” o Higgs. O físico do CERN Albert de Roeck comparou-a à descoberta da eletricidade, quando ele disse que a humanidade nunca poderia ter imaginado suas futuras aplicações.
“O mais importante do Higgs é que ele explica como seria o universo nos primeiros milionésimos de segundo após o Big Bang.” diz Roeck. “Podemos aplicá-lo para alguma coisa? Neste momento a minha imaginação ainda não é suficiente para fazer isso.”
O físico Ray Volkas disse que “quase todos” estavam esperando que, ao invés de se encaixar no Modelo Padrão – uma teoria que explica como as partículas interagem no universo – o bóson de Higgs viria a ser “algo um pouco diferente”.
“Se fosse esse o caso, que apontaria para todos os tipos da nova física, a física que pode ter a ver com a matéria escura.” disse ele, referindo-se à matéria invisível hipotética pensada para ser a maior parte da matéria do universo.
Talvez o segredo que está escondido na natureza, está esperando para ser revelado.