Por Mike Mcrae
Publicado na ScienceAlert
Dor nas costas é algo que a maioria de nós sofreu ou sofrerá em algum ponto de nossas vidas. No entanto, enquanto somos aconselhados a procurar, para saná-la, uma cartela de aspirina, uma nova pesquisa sugere que que, talvez, isso seja tão bom quanto tomar uma pílula de açúcar. Pior do que isso, os anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), como aspirina e ibuprofeno, mais que dobram as chances de desenvolver sangramentos gastrointestinais e possuem, talvez, chances elevadas de causarem problemas cardiovasculares.
A pesquisa foi feita por pessoas do Instituto George para a Saúde Global, na Austrália, que analisaram dados de 6.065 pacientes com dor espinhal relatados por ensaios randomizados e testes controlados de placebo de estudos revisados por pares. Então, acharam que, para cada paciente que reportasse uma diminuição clínica significante da dor depois de duas semanas utilizando um AINE, outros seis não experimentaram nenhuma melhora.
Infelizmente, se você pensa que isso significa trocar o ibuprofeno por uma garrafa de paracetamol, uma revisão da Cochrane conduzida em 2015 explorou três ensaios com 1.825 participantes com dor aguda de coluna, concluindo que o paracetamol também é pouco diferente de um efeito placebo.
E que tal opioides como codeína ou OxyContin? Talvez, haja algum pequeno alívio, de acordo com uma pesquisa publicada na revista JAMA Internal Medicine em 2016. Mas, novamente, é improvável que haja uma melhora significativa.
Os cientistas admitem que sua pesquisa, talvez, produza uma notícia sombria. “Quando este resultado é colocado junto de outras revisões recentes sobre o paracetamol e opioides, fica mais claro que os três medicamentos mais usados e recomendados para o tratamento de dores nas costas não provém efeitos clinicamente importantes quando comparados ao efeito placebo”, escrevem eles no artigo.
Uma pesquisadora da equipe, porém, alerta, no The Guardian:
“Não estamos dizendo que nenhum aliviador de dores deve ser usado, mas as pessoas que usam esses três tipos devem estar cientes de que seus benefícios são pequenos e que seus efeitos colaterais podem ser prejudiciais e que discutir com seus médicos sobre os benefícios de outros tratamentos, incluindo exercícios físicos, pode valer a pena”.
Positivamente, para a maioria das pessoas, a dor nas costas é um problema que desaparece por si só. Enquanto ninguém gosta de ser avisado que não há nenhuma solução rápida, sofrer por semanas ou meses com o desconforto talvez seja simplesmente a melhor opção. Para aqueles com dor em curso, no entanto, saber que as drogas como aspirina e ibuprofeno não oferecem nenhuma solução pode ao menos ajudar a evitar riscos desnecessários e, talvez, ajudá-los a ir a um melhor caminho em busca de uma vida melhor.
Essa pesquisa foi publicada no Annals of the Rheumatic Diseases.