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Cientistas conseguem medir o menor período de tempo já registrado: zeptosegundos

Por Stephanie Pappas
Publicado na Live Science

Os cientistas mediram a menor unidade de tempo já registrada: o tempo que uma partícula de luz leva para cruzar uma molécula de hidrogênio.

Esse tempo registrado é de 247 zeptosegundos. Um zeptosegundo é um trilionésimo de bilionésimo de segundo, ou um ponto decimal seguido por 20 zeros e um 1.

Anteriormente, os pesquisadores mergulharam no reino dos zeptosegundos. Em 2016, pesquisadores relataram na revista Nature Physics que usaram lasers incrementados para medir tempos de até 850 zeptosegundos.

Essa precisão é um grande salto em relação ao trabalho vencedor do Prêmio Nobel de 1999, que mediu o tempo pela primeira vez em femtossegundos, que são milionésimos de bilionésimos de segundos.

Leva femtossegundos para que as ligações químicas se quebrem e se formem, mas leva zeptossegundos para a luz viajar através de uma única molécula de hidrogênio (H2).

Para medir essa viagem muito curta, o físico Reinhard Dörner, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e seus colegas tiraram raios X através do PETRA III no Síncrotron Alemão de Elétrons (DESY, do alemão: Deutsches Elektronen-Synchrotron), um acelerador de partículas em Hamburgo.

Os pesquisadores ajustaram a energia dos raios-X de modo que um único fóton, ou partícula de luz, expulsasse os dois elétrons da molécula de hidrogênio. (Uma molécula de hidrogênio consiste em dois prótons e dois elétrons.) O fóton tirou um elétron para fora da molécula e depois o outro, de forma um pouco parecida com uma pedra saltando sobre a superfície de um lago.

Essas interações criaram um padrão de onda denominado padrão de interferência, que Dörner e seus colegas conseguiram medir com uma ferramenta denominada microscópio de Espectroscopia de Momento de Íons de Recuo Frio (COLTRIMS, do inglês: Cold Target Recoil Ion Momentum Spectroscopy). Esta ferramenta é essencialmente um detector muito sensível de partículas que pode registrar reações atômicas e moleculares extremamente rápidas.

O microscópio COLTRIMS registrou o padrão de interferência e a posição da molécula de hidrogênio durante a interação.

“Como conhecíamos a orientação espacial da molécula de hidrogênio, usamos a interferência das ondas de dois elétrons para calcular com precisão quando o fóton atingiu o primeiro e quando atingiu o segundo átomo de hidrogênio”, disse Sven Grundmann, coautor do estudo na Universidade de Rostock na Alemanha, em um comunicado.

Qual o tempo? Duzentos e quarenta e sete zeptosegundos, com uma minúscula margem de manobra dependendo da distância entre os átomos de hidrogênio dentro da molécula no momento preciso em que o fóton passa. A medição é essencialmente capturar a velocidade da luz dentro da molécula.

“Observamos pela primeira vez que a camada de elétrons em uma molécula não reage à luz em todos os lugares ao mesmo tempo”, disse Dörner no comunicado. “O atraso ocorre porque a informação dentro da molécula só se espalha na velocidade da luz”.

Os resultados foram detalhados em 16 de outubro na revista Science.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.