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Cientistas descobrem novo órgão na garganta

Por Stephanie Pappas
Publicado na Live Science

Cientistas descobriram um novo órgão: um conjunto de glândulas salivares localizadas na parte superior da garganta.

Acreditava-se que essa região da nasofaringe – atrás do nariz – hospedasse apenas glândulas salivares microscópicas difusas; mas o conjunto recém-descoberto tem cerca de 3,9 centímetros de comprimento, em média. Por causa de sua localização acima de um pedaço de cartilagem chamado toro tubário, os descobridores dessas novas glândulas as apelidaram de glândulas salivares tubárias. As glândulas provavelmente lubrificam e umedecem a parte superior da garganta atrás do nariz e da boca, escreveram os pesquisadores na revista Radiotherapy and Oncology.

A descoberta foi acidental. Pesquisadores do Instituto do Câncer da Holanda estavam usando uma combinação de tomografia computadorizada e tomografia por emissão de pósitrons (TEP) chamada TEP-TC PSMA (ou PET/CT PSMA) para estudar o câncer de próstata. Na varredura TEP-TC PSMA, os médicos injetam um “marcador” radioativo no paciente. Este marcador liga-se bem à proteína PSMA (do inglês: antígeno de membrana específico da próstata), que é produzida em massa nas células do câncer de próstata. Os ensaios clínicos descobriram que a varredura de TEP-TC PSMA é melhor do que a imagem convencional na detecção do câncer de próstata metastizado.

A varredura com TEP-TC PSMA também é muito boa na detecção de tecido da glândula salivar, que também é rico em PSMA. Até agora, havia três grandes glândulas salivares conhecidas em humanos: uma embaixo da língua, uma embaixo da mandíbula e uma na parte de trás da mandíbula, atrás da bochecha. Além disso, talvez mil glândulas salivares microscópicas estejam espalhadas por todo o tecido da mucosa da garganta e da boca, disse em um comunicado o coautor do estudo e oncologista do Instituto do Câncer da Holanda, Wouter Vogel.

“Então, imagine nossa surpresa quando as encontramos”, disse Vogel.

Para confirmar a descoberta, Vogel e seus colegas coletaram imagens de 100 pacientes (99 deles homens devido ao foco no câncer de próstata) e descobriram que todos eles tinham as glândulas recém-descobertas. Eles também dissecaram aquela região da nasofaringe de dois cadáveres de um programa de doação de corpos humanos e descobriram que a região recém-descoberta consistia em um tecido da glândula mucosa e dutos que drenavam para a nasofaringe.

A descoberta pode ser importante para o tratamento do câncer. Os médicos que usam radiação na cabeça e pescoço para tratar o câncer tentam evitar a irradiação das glândulas salivares, disse Vogel, porque danos a essas glândulas podem afetar a qualidade de vida.

“Os pacientes podem ter problemas para comer, engolir ou falar, o que pode ser um verdadeiro problema”, disse ele.

Mas, como ninguém sabia sobre as glândulas salivares tubárias, ninguém tentou evitar a radiação naquela região. Os pesquisadores examinaram registros de mais de 700 pacientes com câncer tratados no Centro Médico Universitário de Groninga e descobriram que quanto mais radiação os pacientes recebiam na área das glândulas desconhecidas, mais efeitos colaterais relatavam em seu tratamento. A nova descoberta poderia, portanto, traduzir-se em menos efeitos colaterais para pacientes com câncer.

“Nosso próximo passo é descobrir qual seria a melhor forma de poupar essas novas glândulas e em quais pacientes”, disse Vogel. “Se pudermos fazer isso, os pacientes podem sentir menos efeitos colaterais, o que beneficiará sua qualidade de vida geral após o tratamento”.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.