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Cientistas descobrem uma variante genética que parece limitar a infecção pelo HIV

Partículas do vírus HIV

Uma pequena fração das pessoas é naturalmente resistente a infecções por HIV, e os cientistas querem entender o porquê.

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Agora, uma equipe internacional de pesquisadores descobriu uma nova variante genética em pessoas de ascendência africana que parece restringir a replicação do HIV após o início de uma infecção.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar suas descobertas, a descoberta é um grande passo para a pesquisa do HIV, que há muito negligencia as populações africanas.

“As descobertas podem explicar por que certas pessoas nessas populações têm uma carga viral mais baixa, o que retarda a replicação e a transmissão do vírus”, diz o patologista e autor do estudo Simon Mallal, da Murdoch University em Perth, Austrália.

A descoberta, a partir de uma análise combinada de quase 3.900 indivíduos, também pode abrir caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos antivirais, como variantes genéticas previamente identificadas fizeram no passado.

Hoje, o HIV afeta cerca de 39 milhões de pessoas em todo o mundo, embora esteja claro que o vírus não afeta a todos da mesma maneira. Mas, além de vermes genéticos em um gene chamado CCR5, as outras variantes genéticas conhecidas que conferem alguma resistência ao HIV nem sempre resistiram ao escrutínio quando os cientistas tentaram replicar os resultados.

Além do mais, os estudos genéticos foram conduzidos principalmente em populações caucasianas de ascendência europeia, enquanto a maioria das infecções ocorre na África, afetando predominantemente pessoas de ascendência africana.

Mais recentemente, os pesquisadores começaram a estudar as populações africanas. Em 2021, variantes genéticas foram descobertas em Botswana que parecem tornar as pessoas mais suscetíveis a infecções por HIV ou impulsionar a progressão da doença.

Neste novo estudo de pessoas africanas vivendo com HIV-1 – o tipo mais comum do vírus – os pesquisadores descobriram o oposto: uma coleção de 16 variantes genéticas que parecem limitar a replicação do HIV.

As variantes agrupadas em torno de um gene no cromossomo 1 chamado CHD1L. Uma substituição genética em particular encabeçou a lista de variantes associadas a baixos níveis do vírus no período mais crônico da infecção.

Isso é uma boa notícia porque esse nível, conhecido como carga viral de ponto de ajuste, é um indicador do risco de transmissão e da probabilidade de progressão da doença em infecções crônicas por HIV.

“Ao estudar uma grande amostra de pessoas de ascendência africana, conseguimos identificar uma nova variante genética que só existe nessa população e que está ligada a cargas virais de HIV mais baixas”, disse Paul McLaren, cientista pesquisador do Canadian Laboratório Nacional de Microbiologia para genética do HIV.

McLaren e seus colegas estimam que entre 4 e 13 por cento das pessoas de ascendência africana carregam a variante de alto escalão em CHD1L.

Embora os pesquisadores ainda não saibam como o CHD1L controla a carga viral, eles estão ansiosos para descobrir porque isso pode levar a novas opções de tratamento.

“Cada vez que descobrimos algo novo sobre o controle do HIV, aprendemos algo novo sobre o vírus e algo novo sobre a célula”, diz Harriet Groom, virologista da Universidade de Cambridge.

Investigando um pouco mais, os pesquisadores descobriram que a replicação do HIV aumentava se o CHD1L fosse desligado nos macrófagos, um conhecido reservatório do HIV-1. No entanto, não houve efeito nas células T, outro tipo de célula imunológica, na qual o HIV geralmente se replica.

Apesar da descoberta promissora, os pesquisadores estão cientes de que a resistência genética ao HIV provavelmente envolve uma interação complexa entre duas ou mais variantes genéticas, em vez de uma peculiaridade excepcional.

Também não está claro o quanto a genética contribui para a variabilidade nas infecções por HIV.

Fatores sistêmicos e sociais, como desigualdades raciais e acesso ao tratamento, também afetam quais grupos têm maior probabilidade de serem diagnosticados com HIV, a rapidez com que o vírus progride para AIDS ou se o vírus é controlado em níveis abaixo do que pode ser transmitido a outras pessoas.

 

Traduzido por Mateus Lynniker de ScienceAlert

Mateus Lynniker

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