Por Carlos Zahumenszky
Publicado no Gizmodo
Cientistas da Estação Espacial Internacional (ISS) acabaram de encontrar uma bactéria desconhecida vivendo nas paredes externas do laboratório em órbita.
A descoberta ocorreu ao analisar pequenos cotonetes de algodão com os quais os astronautas pegam amostras das paredes da estação para monitorar sua condição. O organismo, que ainda não foi identificado e nem catalogado, estava em uma área sombreada, perto de onde se acumulam os resíduos de combustível dos módulos que chegam a ISS e a ajudam a recuperar sua órbita.
O veterano astronauta russo, Anton Shkaplerov, explicou à agência TASS que as bactérias estão sendo estudadas agora mesmo na ISS e que não parecem representar nenhum risco para a saúde humana.
A pergunta óbvia depois de ler a notícia é a seguinte: estamos falando de um organismo extraterrestre? A resposta mais provável é não! É verdade que a espécie ainda não foi identificada e que ninguém sabe como ela chegou até lá, mas é mais provável que seja um organismo de origem terrestre. Na verdade, não é a primeira vez que isso acontece.
Os astronautas russos estudam as manchas das paredes da estação desde 2010. Nos últimos seis anos, apareceu de tudo. As descobertas mais raras chegam do plâncton até um micróbio particularmente raro que vive no solo de Madagascar.
Como essas criaturas chegaram à ISS e como é possível que elas sobrevivam ao vácuo do espaço? Não há resposta para nenhuma das duas perguntas. A ciência só tem hipóteses para explicar como essas bactérias chegam no espaço. É bem provável que elas chegam a partir das próprias naves humanas, embora exista também a possibilidade de chegarem diretamente graças as correntes de ar capazes de alcançar as camadas mais altas da atmosfera. Outra hipótese é de que sejam microrganismos daqueles que vivem dentro da própria estação (a ISS não seria tão estéril quanto se pensava) e que, de alguma forma, conseguiram ir para o exterior e estabelecer colônias.
Claro, não está descartado que seja um organismo extraterrestre, mas as possibilidades são pequenas. O problema mais relevante é descobrir quais mudanças físicas e metabólicas essas bactérias experimentam para se adaptar ao espaço. Os dados serão cruciais não só para melhorar nossas possibilidades em viagens espaciais, mas também para minimizar o impacto de infecções em órbita durante essas viagens.