Pular para o conteúdo

Cientistas podem ter descoberto o que esses objetos estranhos da Idade do Bronze realmente representam

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

Os europeus da Idade do Bronze podem ter usado anéis e lâminas como uma forma inicial de moeda, com base em um estudo de objetos de 113 diferentes artefatos – e esses objetos podem até ter sido padronizados em termos de peso e tamanho para minimizar as chances de serem falsificados.

Não há evidência de que as primeiras culturas da Idade do Bronze tivessem um meio preciso de distinguir massas além de simplesmente levantar um objeto e adivinhar. Psicologicamente, esse meio de detectar diferenças incrementais nas qualidades de um objeto por meio da mera observação (sem instrumentos) é conhecido como um limite de diferença ou “lei de Weber“.

Em um novo estudo, pesquisadores pediram a voluntários que agrupassem itens de uma amostra de mais de 5.000 objetos desenterrados de acordo com suas massas, pesando-os em suas mãos.

Cerca de 70 por cento dos anéis de bronze estudados eram semelhantes o suficiente em massa – cerca de 195 gramas em média – para que a diferença não fosse perceptível quando pesada na mão, e certas coleções de “costelas” e lâminas de machado podiam ser agrupadas da mesma maneira.

Costelas, também conhecidas como Spangenbarren. (Créditos: MHG Kuijpers)

A análise estatística das costelas em forma de fechadura sugeriu agrupamentos de itens mais pesados ​​e mais leves, talvez refletindo dois níveis diferentes de valor – embora os resultados não fossem tão claros quanto eram com os anéis.

Leve em conta o fato de que esses objetos costumam ser encontrados amontoados em grandes grupos, e é possível que o que estamos vendo aqui seja na verdade uma forma muito primitiva de moeda – que teria durado até que ferramentas de pesagem mais precisas fossem introduzidas na Idade do Bronze Média na Europa.

“Os ‘euros’ da pré-história vinham na forma de anéis, costelas e machados de bronze”, afirmam os autores do estudo. “Esses artefatos do início da Idade do Bronze foram padronizados em forma e peso e usados ​​como uma das primeiras formas de dinheiro.”

Há uma área de sobreposição arqueológica em torno da República Tcheca onde anéis, costelas e lâminas de machado são encontrados juntos, dizem os pesquisadores, e esses itens podem ter sido usados ​​de forma diferente em áreas diferentes – talvez para exibir riqueza, em vez de serem precursores de moedas.

As descobertas podem esclarecer algumas coisas sobre as origens do dinheiro em si – se a ideia de dinheiro (como um equilíbrio de créditos e débitos) ou se a do uso de materiais como dinheiro (onde os próprios objetos trocados têm valor intrínseco) veio primeiro.

Anéis, também conhecidos como Osenringen. (Créditos: MHG Kuijpers)

O fato das pessoas do início da Idade do Bronze comercializarem itens tão semelhantes em aparência e peso sugere que estamos olhando para os materiais como dinheiro (ou “moeda-mercadoria”) neste caso. As costelas, anéis e lâminas de machado tinham que parecer e serem semelhantes entre si, caso contrário, não valeriam tanto.

Na verdade, os pesquisadores acreditam que esses sistemas ajudaram a impulsionar o desenvolvimento de pesos e escalas mais precisos para medir adequadamente o quão pesado ou leve algo era – e, portanto, quanto poderia valer. Embora raramente pensemos em pesos ou moedas quando os usamos hoje, eles têm uma história fascinante.

“As origens do dinheiro e a formulação de sistemas coerentes de peso e medição estão entre os desenvolvimentos pré-históricos mais significativos do intelecto humano”, escrevem os pesquisadores em seu estudo.

A pesquisa foi publicada na PLOS One.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.