Por Carlos Zahumenszky
Publicado no Gizmodo
Se você é um dos que esperava que a ciência finalmente conseguiria parar o envelhecimento, temos más notícias. Dois pesquisadores da Universidade do Arizona desenvolveram um modelo que demonstra que o envelhecimento celular é inevitável do ponto de vista da matemática.
“O envelhecimento é matematicamente inevitável”, explica a bióloga evolutiva Joanna Masel. “Não há nenhuma saída, nem lógica, teoria ou matemática”.
Masel e seu colega, Paul Nelson, explicam que o problema a nível celular é que não é possível parar o envelhecimento sem certamente cair em uma opção muito indesejável: o câncer.
O envelhecimento ocorre porque as células perdem suas funções pouco a pouco. Os melanócitos deixam de produzir pigmento e o cabelo fica cinza. Os fibroblastos deixam de produzir colágeno com tanta abundância e a pele perde a elasticidade, criando rugas. Em teoria, a ciência deveria ser capaz de reparar esses processos modificando o DNA de modo que as células continuem a operar como se fossem indefinidamente jovens. Em outras palavras, fazer com que todas as células funcionem como se estivessem saudáveis. No entanto, isso leva inevitavelmente a um segundo problema: concorrência e multiplicação celular descontrolada.
Masel e Nelson asseguram ter demonstrado que, a longo prazo, a própria concorrência celular em organismos multicelulares faz com que, se determos a formação de células não funcionais, acabem sofrendo mutação por competitividade, dando espaço para o surgimento do câncer.
Deter a formação dessa doença implica em aceitar que existem células que perdem suas funções. Não há como ter ambas. Temos a esperança de que, como outras vezes que a matemática tinha declarado algo impossível, chegue a um ponto em que alguém mostre que eles simplesmente não fizeram os cálculos adequados.
Referências
- Nelson, Paul, and Joanna Masel. “Intercellular competition and the inevitability of multicellular aging.” Proceedings of the National Academy of Sciences (2017): 201618854.