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Cientistas revelam como os humanos povoaram o antigo megacontinente de Sahul

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

Entre 75.000 e 50.000 anos atrás, os humanos começaram a atravessar o megacontinente de Sahul, uma massa de terra que ligava o que hoje é a Austrália, a Tasmânia, a Nova Guiné e as Ilhas Aru.

Novas pesquisas revelam mais sobre as rotas usadas por esses primeiros humanos na região e o tempo que levaram para explorar completamente as extremidades de Sahul. Pode ter levado até 10.000 anos para a vasta área ser completamente coberta por esses intrépidos humanos, o que é o dobro do que se pensava anteriormente.

Para refinar suas estimativas, os pesquisadores desenvolveram um modelo novo e mais sofisticado que leva em consideração o que influenciaria e afetaria as viagens, como a capacidade da terra de fornecer alimentos, a distribuição de fontes de água e a topografia da paisagem.

Tradução da imagem: cidades modernas (modern cities), superestradas usadas para a migração (migration super-highways), rotas secundárias (secondary routes), sítios arqueológicos (archaeological sities) e terreno altamente visível (highly visible terrain). (Créditos: Universidade Flinders)

“As formas como as pessoas interagem com o terreno, a ecologia e potencialmente outras pessoas alteram os resultados do nosso modelo, fornecendo resultados mais realistas”, disse o ecologista Corey Bradshaw, da Universidade Flinders, na Austrália.

“Agora temos uma boa previsão dos padrões e processos de como as pessoas se estabeleceram nessas terras dezenas de milhares de anos atrás”.

Os pesquisadores combinaram os dados de dois estudos publicados anteriormente, um que modelou padrões de movimento e crescimento populacional por meio de um sistema baseado em redes e outro que mapeou as prováveis ​​’superestradas’ de exploração com base em características da paisagem.

Rotas e população se espalham em Sahul. Tradução da imagem: superhighways (superestradas), sítios arqueológicos (archaeological site), rasterizado (rasterized), entry (entrada), chegada relativa em anos (relative arrival in years) e milhões de anos atrás (ka). (Créditos: Bradshaw et al., Quaternary Science Reviews, 2023)

Além de estender a previsão para o tempo necessário para colonizar o megacontinente devido às restrições impostas pela topografia, o novo modelo também identificou um novo fluxo de movimento não detectado para o sul através do centro de Sahul.

“Uma pessoa caminhando na paisagem e escolhendo esse caminho básico repetidamente provavelmente levaria a fluxos de migração porque os indivíduos transmitem o conhecimento da paisagem ao longo do tempo para o resto da população”, escreveram os pesquisadores em seu paper publicado.

A migração provavelmente começou através de Timor e, mais tarde, pelas partes ocidentais da Nova Guiné. A rápida expansão teria então ocorrido para o sul em direção à Grande Baía Australiana e para o norte até a Nova Guiné.

Os pesquisadores também sugerem que as viagens para a Tasmânia teriam sido restringidas pela elevação e queda do nível do mar no Estreito de Bass – um exemplo de como o novo modelo aponta a influência da paisagem na propagação da população.

“Nossa modelagem atualizada mostra que a Nova Guiné foi povoada gradualmente ao longo de 5.000 a 6.000 anos, com foco inicial no Planalto Central e na área do Mar de Arafura antes de chegar ao Arquipélago de Bismarck no leste”, disse Bradshaw.

“Prevê-se que o povoamento do extremo sudeste e da Tasmânia tenha ocorrido entre 9.000 e 10.000 anos após a chegada inicial a Sahul.”

Os pesquisadores acham que suas descobertas podem se aplicar a outras partes do mundo quando se trata de mapear como o Homo sapiens saiu da África, passou pela Ásia e chegou às Américas, embora os modelos tenham que ser adaptados para atender diferentes regiões.

Essas previsões poderiam então ser apoiadas e verificadas usando descobertas de escavações arqueológicas, o que foi o caso neste estudo em particular.

Seja preferindo uma rota através de duas montanhas em vez de sobre elas ou mantendo-se perto de fontes de água, esses detalhes podem ser significativos quando se trata de onde as populações se espalham e com que rapidez.

“Isso também mostra o poder de combinar modelos computacionais com arqueologia e antropologia para refinar nossa compreensão da humanidade”, disse a arqueóloga Stefani Crabtree, da Universidade Estadual de Utah, EUA.

A pesquisa foi publicada na Quaternary Science Reviews.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.