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Cloroquina matou pelo menos 17 mil pessoas durante a pandemia de COVID-19 em seis países

Durante a primeira onda da pandemia de COVID-19, a comunidade médica e científica enfrentou o desafio de encontrar tratamentos eficazes contra o vírus desconhecido. Neste contexto, a hidroxicloroquina (HCQ), tradicionalmente usada para tratar malária e lúpus, emergiu como uma opção potencial. No entanto, um estudo recente revelou que o entusiasmo inicial e a adoção generalizada da HCQ foram prematuros e, em última análise, prejudiciais.

Um estudo significativo, publicado na revista Biomedicine & Pharmacotherapy, lançou luz sobre as graves consequências do uso compassivo e off-label da HCQ. Esta pesquisa abrangente analisou dados de ensaios clínicos, relatos de casos e registros de saúde, com foco particular em seis países – Bélgica, França, Itália, Espanha, Turquia e Estados Unidos. Os resultados foram alarmantes: estimou-se que o uso da HCQ foi associado a um aumento de 16.990 mortes nesses países durante a primeira onda da pandemia. Esses números não só ressaltam a gravidade da situação, mas também sugerem que o total global de mortes associadas ao uso da HCQ pode ser significativamente subestimado, considerando a falta de dados confiáveis em muitos países.

A disseminação das recomendações para o uso da HCQ, muitas vezes influenciada por autoridades de saúde e figuras políticas, resultou em uma prescrição em massa, apesar da falta de evidências científicas robustas sobre sua eficácia e segurança em pacientes com COVID-19. Este fenômeno destaca um problema fundamental no manejo de crises de saúde pública: a necessidade de equilibrar a urgência de encontrar tratamentos com a importância de basear decisões clínicas em evidências científicas robustas.

Os pesquisadores desse estudo enfatizaram a importância de ensaios clínicos randomizados e bem controlados para avaliar potenciais tratamentos. Eles alertaram contra a dependência de evidências limitadas ou extrapoladas, ressaltando os perigos de prescrições baseadas em opiniões pessoais ou especulações infundadas.

O caso do uso de HCQ durante a pandemia de COVID-19 serve como um exemplo contundente dos riscos associados à adoção de tratamentos médicos sem uma base de evidência adequada. Revela a necessidade crítica de uma abordagem mais cautelosa e baseada em evidências no desenvolvimento e implementação de tratamentos em contextos de crise de saúde pública. Este episódio sublinha a responsabilidade da comunidade médica e científica em garantir que a urgência não comprometa a integridade e a segurança dos tratamentos médicos.

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.