“Ao asseverar que as pessoas têm estados mentais intrinsecamente Intencionais, afasto-me de muitas, senão da maioria, das concepções atualmente difundidas no campo da filosofia da mente. Acredito que as pessoas tenham de fato estados mentais, alguns conscientes e outros inconscientes, e que, pelo menos no que diz respeito aos estados mentais conscientes, tenham em larga medida as propriedades mentais que parecem ter. Rejeito toda forma de behaviorismo ou de funcionalismo, inclusive o funcionalismo baseado nos princípios da máquina de Turing, que acaba por negar as propriedades especificamente mentais dos fenômenos mentais […] Acredito que as várias formas de behaviorismo e de funcionalismo nunca foram motivadas por uma investigação independente dos fatos, mas por um temor de que, a menos que fosse encontrada uma maneira de eliminar os fenômenos mentais ingenuamente concebidos, ficaríamos com o dualismo e com um problema mente-corpo aparentemente insolúvel. Segundo meu ponto de vista, os fenômenos mentais possuem uma base biológica: são ao mesmo tempo causados pelas operações do cérebro e realizados na estrutura do cérebro. Segundo este ponto de vista, a consciência e a Intencionalidade são tão parte da biologia humana quanto a digestão ou a circulação sanguínea. Trata-se de uma fato objetivo sobre o mundo ele conter certos sistemas, a saber, cérebros com estados mentais subjetivos e é um fato físico desses sistemas que eles possuam características mentais. A solução correta para o “problema mente-corpo” não está em negar a realidade dos fenômenos mentais, mas em estimar adequadamente sua natureza biológica.”
Searle, John R. Intencionalidade. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.