Por Katie Camero
Publicado na Science
Se você já foi à praia, provavelmente já passou por uma situação semelhante: sol da tarde brilhando em sua pele, ondas quebrando na praia e uma gaivota faminta se aproximando para roubar seu sanduíche. Esse banditismo na praia pode parecer inevitável, mas uma nova pesquisa tem uma solução: olhar para as gaivotas ladras pode fazê-las pensar duas vezes antes de pegar sua comida.
Gaivotas-prateadas (Larus argentatus) são comuns em cidades e vilas costeiras; seus ninhos estão nos telhados em vez de falésias, e sua comida no lixo em vez do oceano. Os conflitos entre humanos e gaivotas geralmente terminam com a morte de aves (por exemplo, com pontas de aço instaladas nos telhados). Para entender como proteger as gaivotas – e salvar os humanos da dor de cabeça -, os pesquisadores testaram se o olhar humano pode afetar o comportamento das aves.
Os pesquisadores observaram 74 gaivotas em cidades costeiras em Cornwall, Reino Unido. Eles colocaram um saco transparente de batatas fritas na frente de um experimentador humano que estava agachado perto do chão (veja o vídeo). Em um teste, o humano olhou diretamente para a ave e cronometrou quanto tempo levou até que ela se aproximasse do saco. Em outro teste, o humano desviou o olhar da ave para esperar seu próximo movimento. O teste foi considerado completo quando a ave bicava a bolsa, ou quando a bolsa permanecia intocada por mais de 5 minutos.
Das 74 gaivotas, apenas 19 permaneceram no local por tempo suficiente para completar ambos os testes. As aves levaram um tempo médio de 25 segundos para bicar enquanto eram observadas, e apenas 13 segundos quando estavam livres de um olhar atento. Embora seis aves tenham se recusadas a tocar a comida enquanto estavam sendo observadas, todas as aves consideraram seguro bicar quando o humano desviava o olhar para longe, relatam os pesquisadores na Biology Letters.
O estudo sugere que as gaivotas acham o olhar humano aterrorizante – e levam em consideração o comportamento humano ao arrastar a cidade às refeições. Os pesquisadores dizem que mudanças no comportamento humano podem nos salvar uma ou duas batatas – e ajudar a orientar de forma mais eficaz os esforços de conservação das gaivotas. Então, da próxima vez que uma gaivota-prateada tentar roubar sua comida, não fuja; tente competir encarando ela.